Cerca de 40% dos trabalhadores informalidade no Brasil é o dobro dos países desenvolvidos
Em evento na semana passada, o secretário de política econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, afirmou que, embora em 2019 o país tenha melhorado economicamente, em sua visão, e feito um ajuste nas contas públicas, um dos principais desafios brasileiros segue em pé para 2020: melhorar a produtividade.
Entra ano e sai ano, a baixa produtividade é citada por uma série de empresários e governantes como um ponto a ser atacado. De fato, o Brasil está entre os países mais improdutivos do mundo. Fica atrás mesmo de vizinhos como Argentina, Chile e Uruguai e de países de renda parecida, como Rússia, África do Sul e México, segundo dados de 2019 da organização americana The Conference Board, que compila números sobre produtividade desde a década de 1950.
Neste cenário, um novo estudo da consultoria McKinsey, encomendado pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), aponta que, no varejo e em outros setores da indústria, parte da culpa para esses baixos índices de produção recai sobre a alta informalidade no Brasil.
Um trabalhador ou empresa é considerado informal pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) quando trabalha sem carteira assinada ou sem outros tipos de regularização — pequenos empresários, prestadores de serviço ou empregados podem se formalizar, por exemplo, ao se registrar como MEI (Microempreendedor Individual) ou no Simples Nacional.
Mas, no Brasil, cerca de 41% dos trabalhadores ainda trabalha sem qualquer desses registros, segundo o instituto, ou mais de 38 milhões de brasileiros. Isto é, a cada dez trabalhadores, quatro trabalha informalmente. É o dobro da média de cerca de 18% nos países desenvolvidos.
O prejuízo está ficando alto para os brasileiros. Países com alta produtividade são, no geral, os com maior PIB per capita (o Produto Interno Bruto dividido pelo número de habitantes), mostra o estudo da McKinsey. “O que a informalidade faz é limitar a produtividade e, portanto, limita o crescimento econômico”, afirma a consultora Tracy Francis, uma das responsáveis pela pesquisa.
(Texto: Lyanny Yrigoyen com informações Exame)