Redução na conta de luz e estabilidade dos alimentos ajudam a conter alta de preços; índice acumulado em 12 meses cai para 4,68%
A inflação oficial do país desacelerou em outubro e registrou alta de 0,09%, o menor resultado para o mês desde 1998, quando o indicador havia ficado em 0,02%. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (11) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Com o resultado, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumula 4,68% em 12 meses, abaixo dos 5,17% registrados até setembro. É a primeira vez em oito meses que o acumulado fica abaixo de 5%, embora ainda acima do teto da meta de inflação do governo, que é de 4,5% (meta central de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos).
O principal fator de alívio no índice foi a queda de 2,39% na energia elétrica residencial, que sozinha retirou 0,1 ponto percentual do IPCA. O movimento reflete a mudança da bandeira tarifária vermelha patamar 2 para o patamar 1, o que reduziu o adicional cobrado nas contas de luz de R$ 7,87 para R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos. Segundo o gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves, sem essa redução, a inflação do mês teria ficado em 0,20%.
Os alimentos e bebidas, que têm o maior peso no orçamento das famílias, apresentaram estabilidade (0,01%) depois de quatro meses consecutivos de queda. Foi o menor resultado para outubro desde 2017. Entre os produtos com retração destacam-se arroz (-2,49%) e leite longa vida (-1,88%), enquanto batata-inglesa (8,56%) e óleo de soja (4,64%) tiveram alta.
Nos demais grupos de despesas, habitação (-0,30%), artigos de residência (-0,34%) e comunicação (-0,16%) também registraram queda, enquanto vestuário (0,51%), transportes (0,11%) e saúde e cuidados pessoais (0,41%) subiram. As maiores altas individuais vieram do aluguel residencial (0,93%) e da passagem aérea (4,48%), ambos com impacto de 0,03 ponto percentual no índice.
Apesar da trégua em outubro, a inflação segue fora do limite de tolerância há 13 meses. O patamar elevado contribui para a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, o maior nível desde julho de 2006. O juro alto encarece o crédito e reduz o consumo, mecanismo usado pelo Banco Central para conter a alta de preços.
O IBGE aponta que, entre os componentes do IPCA, os serviços subiram 0,41% no mês e acumulam 6,20% em 12 meses, enquanto os preços monitorados — que incluem combustíveis e tarifas — recuaram 0,16% e acumulam alta de 4,20%.
De acordo com o Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central na segunda-feira (10), o mercado financeiro estima que a inflação feche 2025 em 4,55%, com a Selic mantida em 15% até o fim do ano.
O IPCA reflete o custo de vida de famílias com renda entre um e 40 salários mínimos. Os preços são coletados em 377 itens de produtos e serviços em dez regiões metropolitanas, além das capitais Campo Grande, Goiânia, Rio Branco, São Luís, Aracaju e Brasília.
*Com informações da Agência Brasil
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