Grandes varejistas encerram atividades em Campo Grande

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Foto: Marcos Maluf

Caso mais recente é o da lojas Americanas, que encerrou na rua 14 de Julho e deve fechar outras duas unidades

O fechamento de grandes varejistas em Campo Grande pode ser um ponto principal para que o empresário fique menos confiante. O caso mais recente foi o fechamento da Americanas, na rua 14 de Julho e, conforme apurado pela reportagem, está previsto o encerramento das atividades de mais outras duas unidades, na Capital. Ao todo, são cinco lojas abertas, sendo uma em cada shopping. 

No entanto, o cenário já é antigo. Lojas como: Etna, Zara, Ricardo Eletro, Eletrosom, por exemplo, também já fecharam as portas na Capital. Além disso, a loja Marisa está sob ameaça de despejo, no shopping Campo Grande, por não pagar aluguel. O valor devido é de R$ 178.022,03. 

Para o presidente do Sindicato dos Empregados do Comércio, Carlos Santos, ficar comentando sobre o assunto deixa o trabalhador preocupado, porém, afirma que o setor está aquecido e o fechamento dessas grandes varejistas não desperta preocupação. “Estamos acompanhando, mas não queremos falar sobre isso. Deixamos o trabalhador preocupado com essas notícias. Mas, temos a certeza de que os funcionários estão seguros.” 

“Em relação à varejista Americanas, todos os trabalhadores que estão nas empresas foram remanejados para a unidade da rua Dom Aquino e para avenida Júlio de Castilho e, só foram demitidos aqueles que já queriam sair. Tivemos uma reunião com a loja e tudo que ela se comprometeu a fazer foi cumprido. Então, como o mercado de emprego está super aquecido, só fica desempregado quem quer”, destaca Santos.

De acordo com o presidente do sindicato, o que acabou fazendo com que a loja fechasse as portas foram as questões do movimento fraco na unidade, valores de aluguel e o custo das despesas que é alto. 

Reflexo

O professor de Macroeconomia da Esan (Escola de Administração e Negócios) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Odirlei Fernando Dal Moro, acredita que a pandemia de covid-19 não seja a explicação para o atual momento. 

“Em relação ao segmento do varejo, de modo geral, e suas dificuldades é preciso analisar alguns pontos importantes – a queda da renda das pessoas, o salário tem sofrido corrosão da inflação há bastante tempo, sejam trabalhadores do setor público ou do setor privado. Quando o poder de compra cai, as prioridades mudam para o consumo do básico”, explica Dal Moro. 

Além disso, ele destaca que os juros estão muito elevados. “Tradicionalmente, é caro comprar a prazo no varejo, pois são as financeiras que intermedeiam essas transações e que, geralmente, possuem taxas elevadas. Por outro lado, com juros elevados, as empresas pagarão mais caro em seus empréstimos. Logo, os juros elevados prejudicam tanto o consumidor quanto o comerciante.” 

Americanas

Em janeiro deste ano, a Americanas descobriu inconsistências contábeis no balanço fiscal do grupo. O rombo inicial era de R$ 20 bilhões na empresa e, atualmente, já chega a R$ 43 bilhões. Já no dia 19 de janeiro, a varejista entrou com pedido de recuperação judicial. O TJRJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) aceitou o pedido, no mesmo dia. 

Em nota, a varejista afirma que o encerramento das atividades da loja faz parte da transformação da companhia com foco na rentabilidade e otimização do negócio. 

“A Americanas S.A. informa que o encerramento das atividades da loja localizada na rua 14 de Julho, no Centro, em Campo Grande (MS), faz parte do plano de transformação da companhia, que prevê ajustes imediatos e de curto e médio prazo, com foco na rentabilidade e otimização do negócio. A Americanas informa que a reavaliação de mix de produtos, gestão, espaço e lucro das unidades, entre outros fatores, é uma dinâmica comum a todo o varejo e pode levar à readequação ou, em último caso, ao fechamento de loja”, explicou, por meio de nota. 

A empresa enfatiza que os clientes podem continuar comprando os produtos e serviços disponíveis em diversas unidades próximas e também no site e app da marca. 

A lista de credores possui quase oito mil nomes no Brasil e foi entregue à 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro (RJ), no dia 25 de janeiro. Em Mato Grosso do Sul, soma 49 nomes, entre empresas, pessoas físicas, jurídicas e prefeituras, acumulando dívidas de cerca de R$ 30 milhões, somente no Estado. Há pendências com sete prefeituras, dentre elas estão – a Prefeitura de Aquidauana, Dourados, Corumbá e Sidrolândia – que chegam a um montante maior que R$ 15 mil. 

No relatório, é possível observar que boa parte das contas a pagar em Mato Grosso do Sul é referente a serviços de fornecimento de energia elétrica, serviços de internet e telefonia.

Marisa

Conforme publicado pelo “Valor Econômico”, com o planejamento de capitalização e reestruturação, a varejista anunciou, no dia 16 de maio, que planeja fechar 91 lojas no terceiro trimestre de 2023, 27%, ou quase um terço das 334 unidades existentes até o fim de 2022. Em Campo Grande, o Consórcio Empreendedor Shopping Campo Grande, que é o responsável pelo centro comercial, entrou com uma ação de despejo contra a varejista, por não pagar aluguel desde o mês de janeiro, com o valor total que pode chegar até R$ 178.022,03. 

Por meio de nota enviada ao jornal O Estado, a Marisa salienta que só comenta sobre as lojas que já estão fechadas. “Todas as unidades no MS seguem operando normalmente”, diz o comunicado. 

Ao todo, a empresa estima que a reorganização some redução de R$ 51,8 milhões em despesas gerais e administrativas, segundo apresentação realizada em teleconferência. 

Outras empresas

Em 2020, a Etna encerrou as atividades no shopping Norte Sul Plaza, usando como justificativa a “revisão de performance das lojas”. A filial foi inaugurada em junho de 2011, poucos dias após a abertura oficial do shopping. 

Em janeiro de 2021, a Zara, no shopping Bosque dos Ipês, também fechou. Antes disso, em 2019, a loja ameaçou encerrar os atendimentos em Campo Grande, mas conseguiu se manter por mais 2 anos. 

Em julho de 2022, a Eletrosom, da rua 14 de Julho, fechou, sem aviso prévio. Na época, pelo menos 200 funcionários foram demitidos, que esperavam ansiosamente pelo pagamento de seus acordos.

Por Marina Romualdo– Jornal O Estado do MS.

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