Em algumas regiões rendimento não deve passar de 30 sacas por hectare, apontam produtores
As geadas desta madrugada pioraram ainda mais a situação do milho safrinha em Mato Grosso do Sul. Segundo produtores ouvidos pelo O Estado a estiagem já tinha castigado as lavouras derrubando a produção em mais de 22% , e agora o frio intenso que chegou a menos 9 graus em sensação térmica queimou o resto das lavouras. A informação foi repassada por produtores rurais de cidades como Sidrolândia e Maracaju, grandes produtores do cereal. Eles estimam que a colheita não deve chegar a 30 sacas por hectare em algumas localidades, ou seja metade o estimado na última previsão.
No início da 2ª safra de milho 2020/2021 havia a expectativa de um volume 9,013 milhões de toneladas de grãos e uma produtividade média de 75 sc/ha. Entretanto, a ocorrência de adversidades climáticas nas principais regiões produtoras do estado, em especial o reduzido volume de chuvas, afetaram diretamente o desenvolvimento fenológico e a granação do milho, levando a maioria das lavouras a serem enquadradas na classificação “regular e ruins”.
De acordo com a assistência técnica, no campo foram observados diversos tipos de situações, desde lavouras com espigas com má formação, plantas que não desenvolveram, estandes irregulares, dentre outros problemas que afetam diretamente o potencial produtivo da cultura. Diante disso, estima-se até o momento uma redução na produtividade de 8,4%.
Neste ano a safra de milho registrou aumento de área plantada de aproximadamente 5,7%, passando de 1,895 milhão em 2019/2020 para 2,003 milhões de hectares, porém, considerando todos os fatores climatológicos que ocorreram durante o desenvolvimento fenológico a estimativa de produtividade foi revisada para 68,7 sc/ha e uma expectativa de produção de 8,251 milhões de toneladas, sendo uma redução de 22,29% quando comparado ao ciclo de 2019/2020.
Agora com o frio, o temor dos produtores é que o cenário seja ainda pior. “Vai sobrar pouca coisa para colher”, lamentou um produtor rural de Sidrolândia. Ele frisa que a geada pegou a lavoura numa fase complicada de desenvolvimento. “As perdas serão grandes em volume e qualidade do milho também”, acrescentou. “Ainda não sabemos quantificar a perda, mas acredito que pelo menos metade do estimado”, concluiu.
Efeitos nas lavouras
De acordo com o agrometeorologista da Embrapa Agropecuária Oeste de Dourados, Carlos Ricardo Fritz, os danos ao milho vão depender da fase estágio da lavoura. “Onde os grãos já estão mais duros não serão muitas perdas, mas as baixas temperaturas e as geadas que ocorreram em boa poarte do Estado afetam as lavouras com grão leitoso”, explicou o pesquisador.
Ele lembra que o MS está enfrentando uma onda de frio causada por uma massa de ar polar, que deverá perder a força até o final de semana. “A massa polar ainda vai continuar com menos força amanhã (hoje) e a previsão é de temperatura baixa, mas sábado vai se dissipar”, pontuou.
Texto: Rosana Siqueira