Por Silvio Ferreira – Jornal O Estado MS
Média nacional elevada pode levar a abastecer com álcool
A cada nova alta da gasolina vem à mente dos brasileiros a dúvida se a relação custo-benefício do uso de etanol voltou a compensar. Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o uso do etanol se torna vantajoso quando o preço nas bombas é inferior a 70% do valor da gasolina.
Depois de aumentar na primeira semana de junho, o preço médio da gasolina, entre os dias 5 e 11 de junho no país, caiu 1,51% – de R$ 7,47 para 7,357 por litro. Em Mato Grosso do Sul, enquanto a média da gasolina ficou em R$ 7,026, a média do etanol ficou 12 centavos abaixo, 5,254, 23,89% mais barata, mas ainda fora da margem que, segundo a ANP, torna vantajosa a escolha do combustível derivado da cana-de-açúcar.
Mas, em Campo Grande, vale ficar atento ao preço nas bombas, já que consumidores da Capital têm encontrado diferença superior aos 30% em alguns postos.
Segundo a pesquisa semanal da ANP, o preço médio na Capital ficou em R$ 5,033, diferença de R$ 1,993 em relação ao preço da gasolina. Diferença percentual de 28,36%, muito próxima aos 30% que os especialistas consideram suficiente para tornar a opção pelo etanol mais vantajosa pela relação custo-benefício.
Olho na bomba
Segundo o diretor do Sinpetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo e Lubrificantes MS), Edson Lazarotto, o etanol teve uma pequena queda nos preços nos últimos dias e em alguns postos já é possível se notar o preço do combustível abaixo de 70% do valor da gasolina “Consequentemente, torna-se mais uma opção para o consumidor.”
Lazarotto orienta o consumidor a procurar calcular a relação custo-benefício a cada novo abastecimento: “É sempre importante fazer a conta: preço do etanol dividido pelo preço da gasolina. Se o resultado for 70% (0,7) ou menos, estará valendo a pena abastecer com etanol”, considera.
O diretor do Sinpetro ainda comentou as propostas do governo federal para tentar zerar o ICMS dos combustíveis e a resistência e articulação dos governadores para tentar barrar a proposta: “Realmente está existindo uma ‘quebra de braço’ de alguns governadores [com o governo federal] devido à queda de receita, caso seja aprovada a redução. É um tema polêmico, porque mudança tributária sempre foi e será muito discutida. Temos que esperar o desenrolar político do assunto”, avaliou.
Cabo de guerra
A Petrobras alega que, apesar de a política de preços da petroleira basear-se na paridade com as cotações do mercado internacional, a empresa estaria com os preços cerca de 20% abaixo dessa média. Diretores da empresa têm admitido que sofrem pressões de dois lados: pelo lado dos acionistas, a necessidade de repassar a alta internacional do barril de petróleo para o mercado interno, e do lado da opinião pública, a repercussão negativa para a imagem da empresa, caso optem por novos reajustes, uma vez que a União, acionista majoritária da petroleira, por meio do governo federal, tem tentado adotar medidas emergenciais para reduzir os preços dos combustíveis.
Mas a pressão política não tem sido suficiente para frear os aumento dos combustíveis. Recentemente, o governo federal mudou a classificação dos combustíveis como essenciais e
indispensáveis, o que impede a cobrança de impostos acima da alíquota geral de ICMS (Circulação de Mercadorias e Serviços).
Na semana passada, o governo federal anunciou ainda a apresentação de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que pretende permitir que os estados zerem o ICMS sobre os combustíveis e o GLP (gás liquefeito de petróleo), o gás de cozinha, – emergencialmente, até 31 de dezembro –, mediante a promessa de ressarcimento pela União dos valores que os estados deixarem de arrecadar no período.
Confira mais notícias no Jornal O Estado de MS.
Acesse também as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram.