O FMI (Fundo Monetário Internacional) revisou para cima a projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto do Brasil) neste ano, mas passou a prever uma desaceleração mais intensa em 2026, citando tarifas impostas pelos Estados Unidos e sinais de moderação da atividade econômica. Os dados constam no relatório “Perspectiva Econômica Global”, divulgado nesta terça-feira (14).
Segundo o documento, o FMI projeta que o PIB brasileiro deve crescer 2,4% em 2025, alta de 0,1 ponto percentual em relação à previsão de julho. Já para 2026, a estimativa caiu 0,2 ponto, para 1,9%.
“No Brasil, sinais de moderação estão aparecendo em meio às políticas monetária e fiscal apertadas”, destacou o relatório.
A nova previsão do Fundo é ligeiramente superior à do governo brasileiro, que estima crescimento de 2,3% neste ano. Para 2026, no entanto, o Ministério da Fazenda se mostra mais otimista, com expectativa de 2,4%.
Impactos da política monetária e das tarifas dos EUA
O FMI aponta que a atividade econômica no país já dá sinais de desaceleração, após crescimento de 0,4% no segundo trimestre em relação aos três primeiros meses do ano, segundo o IBGE. O instituto divulgará os dados do terceiro trimestre em 4 de dezembro.
O relatório cita ainda que a alta taxa básica de juros (Selic), mantida em 15%, tem restringido o crédito e o consumo, o que limita a expansão da economia. O Banco Central indicou que deve manter os juros altos por um período prolongado, buscando trazer a inflação para a meta de 3%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
Além dos fatores internos, o FMI destacou o impacto das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos em agosto sobre produtos brasileiros, determinadas pelo presidente Donald Trump. A medida, justificada por ele como resposta à suposta “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, afetou o comércio entre os dois países.
Após negociações diplomáticas, parte dos produtos foi isentada da supertarifa, e os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump conversaram por telefone no início do mês. Um encontro entre os dois líderes está sendo articulado.
Inflação e endividamento
O FMI calcula que a inflação média anual no Brasil será de 5,2% em 2025 e 4,0% em 2026, ainda acima do centro da meta oficial. O Fundo também incluiu o país entre as economias que devem registrar aumento significativo da dívida pública em relação ao PIB em 2025, junto com China, França e Estados Unidos, em função dos resultados fiscais projetados.
Cenário global
Para os mercados emergentes e em desenvolvimento, grupo do qual o Brasil faz parte, o FMI elevou a projeção de crescimento para 4,2% em 2025 (ante 4,1% em julho) e manteve 4,0% para 2026. O desempenho positivo no primeiro semestre foi impulsionado por uma safra agrícola recorde no Brasil, pela expansão do setor de serviços na Índia e pela demanda interna na Turquia.
Apesar disso, o relatório alerta para condições externas mais desafiadoras e desaceleração do ímpeto doméstico.
“Tarifas mais altas impostas pelos Estados Unidos estão reduzindo a demanda externa, com profundas implicações para economias exportadoras”, observou o FMI.
“Ao mesmo tempo, o espaço fiscal restrito está reduzindo a capacidade dos governos de estimular a demanda doméstica onde necessário.”
Na América Latina e Caribe, o Fundo projeta crescimento de 2,4% em 2025 e 2,3% em 2026, refletindo melhora puxada principalmente pelo México, cuja estimativa de expansão foi revista para 1,0%, um aumento de 0,8 ponto percentual em relação à projeção anterior.
Com informações do SBT News
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