Exportações de carne bovina têm queda de 21,94%, no Estado

Foto: Reprodução
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Especialistas acreditam que, em curto prazo, o preço não deve aumentar

As exportações de carne bovina, em Mato Grosso do Sul, fecharam o 1º quadrimestre de 2023 com recuo de 21,94%, se comparado ao mesmo período do ano anterior. De acordo com a Carta de Conjuntura do Setor Externo, de janeiro a abril deste ano, o setor movimentou US$ 281,22 milhões, US$ 79,03 milhões a menos do que o ano passado. 

No quesito volume, foram 67,309 toneladas em 2022, à medida que, neste ano, o montante chegou a 59.575 toneladas, conforme indica o documento emitido pela Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação). 

Conforme consta no site da Famasul, a cotação da arroba do boi, no dia 4, na região sul do Estado, estava custando R$ 247.50 (com Funrural), enquanto no dia 9 caiu para R$ 240, na mesma região. 

Em análise do cenário atual, o economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Staney Barbosa Melo, destaca que o setor de carnes é um dos mais relevantes para a economia do Estado e também do agronegócio. “Vem sofrendo, sobretudo nos últimos dois meses, os efeitos de um autoembargo das exportações brasileiras, com destino a China e outros países. Essa suspensão vigorou de 22 de fevereiro até 23 de março”, cita Staney. 

Sobre o reflexo do preço da carne para o mercado interno, Staney pontua que a situação não deve encarecer o produto em curto prazo, no Estado. Uma vez que a pressão sobre o preço da arroba da carne tem feito com que os preços apresentem quedas consecutivas. “Já tem algumas semanas que vem caindo, está havendo um barateamento da carne no mercado interno.” 

Em resumo, o profissional destaca que a queda nas exportações contribui para o barateamento do produto, já que para escoar a produção será necessário ajustar valores. “Tem uma pressão nos preços justamente pela queda das exportações”, finaliza o economista. 

De encontro à visão do profissional de economia, profissional do ramo, que preferiu não se identificar, frisou que muito se deve ao embargo da China. “O país ficou praticamente um mês sem levar nada em nível de Brasil e, muito embora MS tenha apenas três frigoríficos que exportam para a China, isso impactou. A queda do dólar é outro fator que influenciou bastante na queda de faturamento.” 

Ainda de acordo com ele, o preço para proteína bovina tem caído, como um reflexo da pandemia e os gastos gerados pelo episódio, gerando uma retração no consumo mundial de carne vermelha. 

Nacional

No cenário nacional a situação não está diferente, já que, tendo como base o mês de abril deste ano, as exportações de carne bovina no Brasil apresentaram queda em receitas e, consequentemente, em volume. 

A Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos) indica queda de 43% nas receitas e 25% no volume, conforme dados divulgados na última segunda-feira (8). No mês de abril de 2022, foram arrecadados US$ 1,104 bilhão, ao passo que, no mesmo período deste ano, foram US$ 626,9 milhões. 

No tocante a volume, a atividade passou de 186.565 toneladas, no ano anterior, para 140.709 toneladas, em abril de 2023. 

Ao considerar o 1º quadrimestre para território nacional, o percentual ficou com retração de 28% na receita e 12% em volume, no comparativo com o ano passado.

Embargo

Em Mato Grosso do Sul, três frigoríficos estavam licenciados para realizar exportações de carne bovina para a China, país que embargou a exportação da proteína para o continente asiático diante da identificação de um caso de EEB (Encefalopatia Espongiforme Bovina), doença da “vaca louca”, no Brasil.

A ocorrência contou com investigação do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária), que posteriormente constatou, por meio de exames laboratoriais, se tratar de caso atípico. O anúncio foi realizado em 22 de fevereiro. Em seguida, no dia 23, ocorreu o embargo das exportações para o país asiático, que atualmente é o maior exportador do Brasil. No dia 23 de março, foi liberada a exportação novamente. 

O caso foi identificado em um macho, de 9 anos, em uma pequena propriedade, no município de Marabá, no Pará. O animal, criado em pasto, sem ração, foi abatido e sua carcaça foi incinerada, no local. 

Como reflexo, na época, os três frigoríficos entraram em férias coletivas, sendo que um foi parcial, aplicando a modalidade para uma pequena parcela de trabalhadores, do efetivo de abate. A medida quase que imediata foi a saída para equilibrar a produção em Mato Grosso do Sul, após a interrupção, onde a planta Naturafrig, em Rochedo; Agroindustrial, em Iguatemi e Frigosul, frigorífico localizado em Aparecida do Taboado, optaram pela alternativa. Todos já voltaram às atividades normais.

Por Evelyn Thamaris  – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul.

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