Embora haja crescimento nas remessas, Mato Grosso do Sul tenta se reerguer na produção
Dados recentes da Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais) apontaram que a exportação brasileira de trigo devem crescer cerca de 200 mil toneladas em 2024, totalizando 2,7 milhões de toneladas. Ainda neste mês, a associação previu que os embarques de trigo poderão chegar a 436 mil toneladas, apresentando uma diminuição de 24 mil toneladas em relação ao mesmo período de 2023.
As exportações de trigo do Brasil devem apresentar um aumento ao longo do ano, enquanto as importações do grão estão projetadas para um crescimento expressivo em 2024. De acordo com dados do governo, estas importações subiram mais de 60% entre janeiro e novembro, totalizando acima de 6 milhões de toneladas. Por outro lado, a exportação de farelo de soja deve atingir um novo recorde, ultrapassando 23,1 milhões de toneladas, conforme indicado anteriormente, em comparação com 22,35 milhões de toneladas em 2023, segundo a Anec. Para dezembro, as previsões apontam para embarques de 2,1 milhões de toneladas.
A previsão de exportação de soja do Brasil para dezembro é de 1,62 milhão de toneladas, mantendo-se estável em relação à estimativa da semana anterior. No entanto, isso representa uma redução de mais de 2 milhões de toneladas em comparação ao ano anterior, conforme revelou o relatório da Anec. Devido a uma safra menor, espera-se que o Brasil encerre o ano de 2024 com exportações de 97,5 milhões de toneladas, em contraste com o recorde superior a 101 milhões alcançado em 2023.
As previsões nacionais relacionadas às exportações de milho indicam que, em 2024, o Brasil deve exportar cerca de 38,3 milhões de toneladas de milho, um número abaixo do recorde de 55,6 milhões de toneladas alcançado em 2023.
Produção de trigo para MS
Mato Grosso do Sul passou teve seu auge na produção de no país em 1987, com mais de 428 mil hectares da cultura. Com uma redução significativa na produção ao passar dos anos, atualmente o Estado se mantém na sétima posição entre os maiores produtores, com apenas 44,5 mil hectares, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Em entrevista ao jornal O Estado, Fernando Nascimento, coordenador de Agricultura da Semadesc, explicou as razões por trás da diminuição na produção do Estado e discutiu as possíveis medidas para impulsionar esse crescimento.
De acordo com o coordenador de agricultura, a diminuição da produção está relacionada aos contextos políticos e econômicos ao longo do tempo, que favoreceram as importações de trigo argentino. “Tivemos uma boa área cultivada de trigo na década de 80 e início de 90, porém as tecnologias do cultivo de milho safrinha avançaram bastante e a disponibilidade de sementes de soja mais precoces também favoreceram o cultivo do milho com menor risco. Além disso, as importações de trigo da Argentina e do Paraguai de boa qualidade e a política tributária do Mercosul, também contribuíram para desestimular o produtor nacional e do MS”.
Ainda que haja uma queda com o passar dos anos, a expecativa para o ano de 2025 continua alta em relação ao aumento das áreas plantadas. “A meta é expandir a área plantada, visto que o trigo oferece algumas vantagens, como o fato de não ser o alimento preferido dos javalis que atacam lavouras de milho, além disso, é uma cultura que se encaixa bem no sistema produtivo, especialmente em rodízio com a soja. Há variedades genéticas que podem gerar até 4.000 kg/ha em terras de sequeiro. Também existem zonas com grande potencial produtivo, especialmente no sul do Mato Grosso do Sul, como nos municípios de Laguna Caarapã, Ponta Porã, Aral Moreira, entre outros”, destacou Fernando.
Por fim, Fernando ressalta que o Estado tem se esforçado e contribuído para o aumento da produção, por meio da pesquisa em materiais genéticos mais eficazes para o Bioma Cerrado, bem como o desenvolvimento de variedades para cultivo em sistemas irrigados. “Elementos como o suporte das Cooperativas, especialmente na disponibilização de armazéns e assistência técnica, além da compra do produto, são fundamentais. Os Governos Federal e Estadual também podem oferecer apoio financeiro e investimento em pesquisa científica com o objetivo de aprimorar os materiais genéticos, controlar pragas e doenças, e melhorar o manejo e a rotação de culturas. O aspecto crucial é que o mercado forneça sementes de qualidade aos produtores que estão interessados”.
Por João Buchara
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