Em Mato Grosso do Sul o número de inadimplentes com dívidas na média dos R$ 500 chega aos 280.048, segundo informações divulgadas pelo Serasa Experian. Já no país, os dados são ainda mais preocupantes, já que o total já representa 23 milhões de brasileiros, ou seja, um terço dos 63,4 milhões de inadimplentes de junho possuem dívidas que comprometem mais da metade do salário-mínimo atual. No Centro-Oeste são cerca de 1,7 milhão de pessoas.
Segundo levantamento da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), com um terço dos brasileiros no vermelho, o número daqueles que recorreram ao crédito cresceu 3%, totalizando 32,1 pontos, o maior índice desde o início da série no ano 2017, quando foi registrado 27,9 pontos. Para especialistas o avanço reflete os indícios de retomada do ambiente econômico no país, mas revela ainda uma dificuldade na obtenção de tal benefício, já que dois em cada dez consumidores (21%) tiveram o acesso ao crédito negado.
Com um gasto médio de R$ 912, o cartão foi utilizado para arcar principalmente com as despesas básicas: (69%) compra de alimentos, (52%) gastos com remédios, (44%) aquisição de roupas e calçados, (40%) despesas com combustíveis, (37%) ida a bares e restaurantes. Já sobre o perfil dos entrevistados, a pesquisa mostrou que 36% afirmaram estar no zero a zero, ou seja, não sobra nem falta dinheiro. Já 33% reconheceram estar no vermelho e 20% no azul. Dos que se encontram no vermelho, 43% justificam ter se endividado em razão do aumento de preços. Outros 24% determinam a causa pela diminuição na renda, 20% na perda do emprego e outros 20% com imprevistos. Ao longo de julho, 52% dos consumidores desejavam reduzir seus gastos com relação ao mês anterior. “A grande questão é que nós brasileiros não temos o hábito de poupar. Gastamos tudo o que ganhamos e, na maioria das vezes, mais do que ganhamos. Para quem vive, no que chamamos de equilíbrio financeiro, qualquer imprevisto, como uma doença de alguém da família, ou uma geladeira que pifa, as pessoas já se endividam”, afirma a economista Andreia Saragoça, conselheira suplente e coordenadora de Educação Financeira, do Corecon-MS (Conselho Regional de Economia de MS).
“Então, não tem jeito, precisamos ter uma reserva estratégica, que atenda emergência e, principalmente, que realize os nossos sonhos, que precisam ser identificados – uma casa, um carro, uma viagem – e orçado seu valor e colocado prazo para ser cumprido. É necessário inverter a ordem das coisas: sempre pensar que da nossa receita tiramos, primeiro, o valor dos nossos sonhos e depois são pagas a nossas despesas”, ressalta a economia. Andrea finaliza com um aviso: “Verifique suas despesas mensais e adéqüe-as a sua realidade financeira. Você vai ver se surpreender quando diminuir, 15 a 30% do que gasta hoje”.(Michelly Perez)