O Tesouro Nacional divulgou nesta terça-feira (27) que a dívida pública federal do Brasil subiu 2,59% em setembro sobre agosto, a 4,527 trilhões de reais. No mesmo período, teve um forte volume de emissões em meio à explosão de gastos do governo.
Segundo o Tesouro, a colocação de títulos ficou acima da média histórica para suprir a necessidade de financiamento do governo e garantir a manutenção do caixa acima do limite prudencial.
O volume de emissões e as emissões líquidas registraram em setembro o segundo maior valor de suas respectivas séries históricas, atrás apenas dos números vistos em julho de 2020. No acumulado do ano, já foram emitidos 798,3 bilhões de reais, valor superior aos 759,3 bilhões de reais colocados em todo o ano de 2019.
Em setembro, a dívida pública mobiliária interna teve avanço de 2,56%, a 4,281 trilhões de reais, afetada pela emissão líquida de 80,55 bilhões de reais e apropriação positiva de juros de 26,20 bilhões de reais.
Já a dívida externa subiu 3,21% na mesma base de comparação, a 245,89 bilhões de reais, num mês marcado pela alta do dólar frente ao real com o recrudescimento de preocupações fiscais.
No Plano Anual de Financiamento (PAF), a perspectiva é que a dívida geral feche 2020 entre 4,6 trilhões de reais e 4,9 trilhões de reais.
Em relação aos detentores, a participação dos investidores estrangeiros na dívida mobiliária interna subiu ligeiramente a 9,44% em setembro, sobre 9,40% no mês anterior.
Já quanto à composição, os títulos que variam com a Selic, representados pelas LFTs, continuaram com maior peso na dívida pública federal, embora tenham caído a 36,77% do total, sobre 39,17% de agosto. No PAF, o intervalo fixado para o ano é de 36% a 40%.
O apetite pelas tradicionais LFTs tem minguado num ambiente de juros básicos historicamente baixos. A Selic está hoje em 2% ao ano. Com a escalada dos temores fiscais, os papéis também sofreram deságio acentuado.
Em setembro, o índice IMA-S da Anbima –que representa a evolução, a preços de mercado, de uma carteira de LFT– acumulou queda de 0,27%, o primeiro resultado negativo em 18 anos.
Os títulos prefixados, por sua vez, têm sido mais emitidos pelo governo e avançaram a 32,56% da dívida em setembro, ante 30,14% no mês anterior, e uma meta de 30% a 34% para 2020.
Os papéis indexados à inflação recuaram a 24,90% da dívida total, ante 24,97% em agosto, sendo que a referência para este ano é de 23% a 27%.
Por fim, os títulos atrelados ao câmbio viram sua participação aumentar a 5,76% da dívida total, contra 5,72% no mês anterior, e meta de 3% a 7% em 2020.
*Com informações da Reuters
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