Os preços do milho seguem pressionados no mercado interno neste fim de ano, reflexo da redução da demanda típica do período. De acordo com análises do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), boa parte dos consumidores, como granjas e indústrias, tende a se afastar do mercado spot em dezembro, retomando as compras apenas em janeiro. Esse movimento tem contribuído para a queda ou estabilidade em patamares mais baixos em diversas praças acompanhadas pelo centro de pesquisas. No cenário regional, a diferença entre as cotações mostra o peso da oferta e da logística.
No Centro-Oeste, principal polo produtor do país, os preços permanecem mais baixos. Em Mato Grosso do Sul, o milho é negociado em torno de R$ 55 a R$ 56 a saca de 60 quilos em praças como Campo Grande e Dourados. Em Mato Grosso, os valores são ainda menores em algumas regiões, variando entre R$ 48 e R$ 53 a saca, reflexo da ampla oferta local e da demanda enfraquecida neste período do ano.
Já no Sul e no Sudeste, as cotações se mostram mais firmes. Em praças do Paraná e de São Paulo, o milho gira próximo de R$ 68 a R$ 69 a saca, sustentado principalmente pela proximidade de polos consumidores e pela melhor estrutura logística, além do acesso aos portos. Ainda assim, mesmo nessas regiões, o mercado segue cauteloso, com negócios pontuais e compradores aguardando um momento mais favorável para novas aquisições.
Clima favorável
No campo, as atenções dos produtores estão voltadas à safra verão de milho. Após um período de estiagem em importantes regiões produtoras, o retorno das chuvas trouxe alívio e contribuiu para a recuperação do potencial produtivo das lavouras. Segundo o Cepea, além de favorecer o desenvolvimento da safra atual, a melhora das condições climáticas também eleva as expectativas para a semeadura da segunda safra, que poderá ocorrer dentro da janela considerada ideal para o plantio.
Esse cenário climático mais favorável ajuda a reduzir incertezas produtivas, mas, ao mesmo tempo, reforça a percepção de oferta confortável à frente, o que limita reações mais firmes nos preços no curto prazo.
Farelo de soja
Enquanto o milho enfrenta um período de preços pressionados, o mercado de soja apresenta comportamento diferente, principalmente no segmento de derivados. Os preços do farelo de soja encerram 2025 com recuperação parcial das perdas acumuladas ao longo do ano. De acordo com pesquisadores do Cepea, essa valorização está diretamente ligada à necessidade de recomposição de estoques por parte de avicultores e suinocultores, que intensificaram compras nas últimas semanas.
Outro fator que sustenta os preços é a baixa oferta de farelo no mercado spot nacional. Grande parte das indústrias processadoras já encerrou o esmagamento em 2025, o que reduz a disponibilidade imediata do produto e contribui para a valorização.
No cenário regional, os preços do farelo de soja operam nos níveis mais elevados desde abril na maior parte das regiões acompanhadas. No Centro-Oeste, os valores se mantêm mais altos, impulsionados pela forte demanda das cadeias de proteína animal. No Sul, apesar de cotações um pouco menores, o mercado também registra reação positiva, acompanhando o movimento nacional.
Perspectivas para 2026
Para o início de 2026, a expectativa do mercado é de retomada gradual da demanda por milho com o fim do recesso de fim de ano, o que pode trazer maior sustentação às cotações. No caso do farelo de soja, a tendência é de manutenção de preços firmes no curto prazo, até que as indústrias retomem o ritmo de esmagamento e ampliem a oferta no mercado interno.
No campo, a combinação entre chuvas regulares e planejamento da segunda safra segue como ponto-chave para o comportamento dos preços nos próximos meses, em particular nas regiões do Centro-Oeste, que concentram grande parte da produção nacional.
Por Gustavo Nascimento
Confira as redes sociais do Estado Online no Facebook e Instagram