A Bolívia enfrenta escassez de combustível; o presidente do País, derrubou subsídio da gasolina e diesel, fazendo os preços dobrarem
Com a crise que assola a Bolívia, marcada pela escassez de dólares e combustíveis, os bolivianos que residem na fronteira com Corumbá têm preferido abastecer seus veículos na Capital do Pantanal por melhores preços fomentando o setor em até 50%.
O ciclo que durante muito tempo foi contrário, com a ida constante de brasileiros para abastecer na Bolívia, tem sido quebrado após o Decreto Supremo n° 5503, assinado pelo Presidente da Bolívia, Rodrigo Paz, que declarou emergência econômica e apresentou um pacote de medidas drásticas para tentar conter a crise que afeta o país.
Entre as medidas anunciadas, está a eliminação do subsídio aos combustíveis, que estava em vigor há 20 mais de anos, o que tornava mais rentável o abastecimento dos veículos no país vizinho e levava brasileiros a atravessarem a fronteira pelo baixo preço. Com o decreto, os combustíveis produzidos pelo país latino-americano sofreram um aumento de 86% no preço da gasolina e superior a 160% no diesel.
Durante o anúncio das medidas, o presidente Rodrigo Paz afirmou que o fim dos subsídios visa reorganizar as finanças do país. “Eliminar subsídios mal concebidos não significa abandono, mas sim ordem, justiça e redistribuição real e transparente. Isso permitirá a geração de recursos fiscais adicionais a serem compartilhados entre os governos central e regionais”, declarou.
Após entrar em vigor, os bolivianos têm preferido ir até os postos de combustíveis de Corumbá na busca por melhores preços. O gerente da rede de postos Falastins, Rodrigo Gibaile, afirma que a procura por gasolina aumentou em 50% e foi preciso aumentar a equipe de trabalho para não afetar o atendimento no local. “Vimos a procura aumentar em 50% por gasolina no posto. Tivemos que colocar mais um frentista durante os horários de pico para não afetar o abastecimento local” afirma o gerente.
Longe da queda
Sem previsão de melhorias, os preços altos dos combustíveis bolivianos devem permanecer por seis meses e serão reavaliados após o período. Isso se dá após a queda de produção de gás natural, redução de reservas internacionais e a escassez de dólares, fatores que estão impactando negativamente a economia do país que luta para sair do vermelho.
Para Lourival Junior, presidente da Setlog Pantanal (Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Cargas, Logística e Expedição do Estado), o aumento do preço do diesel no país vizinho impactou diretamente no setor de transporte brasileiro. “Isso impacta diretamente porque nós ocupamos muito o prestador de serviço, o motorista terceiro, que faz a rota de Corumbá para o interior da Bolívia, consequentemente, com o aumento do preço do diesel, aumentou o preço do frete do motorista boliviano e vai aumentar o preço do frete para a empresa”, avalia sobre o cenário.
O presidente ainda relata que o diesel é primordial para o transporte brasileiro. “É o nosso carro chefe, O diesel é algo primordial da nossa operação, sem diesel não tem como trabalhar. Os caminhos só se movimentam com diesel. A matriz energética nossa é 99% é diesel. Então, sim, já impactou no setor de transporte “, reforça.
Por Ian Netto