A cotação dos principais produtos exportados pelo Brasil despencou após o aparecimento do surto de coronavírus na China, o principal comprador das commodities nacionais. Desde a segunda quinzena de janeiro (quando o coronavírus começou a ter efeito nos mercados globais), o preço da soja em grão caiu 5,13%, o do petróleo recuou 15,5% e o minério de ferro teve retração de 14,3%. Em 2019, esses três produtos responderam por 78% das vendas externas brasileiras – que totalizaram US$ 177,3 bilhões.
Para analistas, mais do que qualquer escassez de insumos da indústria, o principal impacto de uma crise mais longa provocada pelo coronavírus para o Brasil deve ser exatamente na balança comercial. “Se a epidemia (na China) continuar, pode afetar ainda mais profundamente os preços de alguns produtos de exportação relevantes, como minério de ferro, petróleo e soja”, diz Welber Barral, sócio da BMJ Consultores Associados e ex-secretário de Comércio Exterior. “A questão é o tempo que vai durar a epidemia.”
Consultores da área de mineração, por exemplo, ainda não veem a necessidade de mudança de estratégia por parte das empresas. Até porque, afirmam não haveria muito o que fazer, uma vez que a China compra hoje 64% de todo o minério de ferro produzido no Brasil, segundo a BMJ.
Preços da soja em grão, do petróleo e do minério de ferro – que responderam por 78% das exportações brasileiras em 2019 – já acumulam quedas superiores a 15% desde o início do impacto da doença no mercado internacional, em meados de janeiro.
(Texto: Estadão Conteúdo)