A crise sanitária dos frigoríficos em meio à pandemia chegou às exportações. Seis unidades de cinco empresas brasileiras tiveram suas autorizações para exportar para China suspensas. De janeiro a junho, foram exportadas 365 mil toneladas de carne bovina para a China, alta de 148% em relação a 2019.
A decisão afeta os frigoríficos Minuano e BRF, ambos em relação às unidades em Lajeado (SC), Marfrig, em Várzea Grande (MT), Agra, em Rondonópolis (MT), e duas unidades da JBS, uma em Passo Fundo e outra em Três Passos, no Rio Grande do Sul.
As suspensões da BRF e JBS de Três Passos ocorreram no sábado (4). As demais começaram a receber as sanções a partir do fim de junho. Entre as unidades suspensas, duas produzem carne bovina (Agra e Marfrig), e duas, suína (BRF e JBS em Três Passos. Minuano e JBS em Passo Fundo são produtoras de aves.
O Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) disse, nesta segunda (6), que solicitará à autoridade chinesa a retirada da suspensão, pois as unidades cumprem todos os requisitos sanitários.
O ministério informou que “recentemente o GACC [sigla em inglês para Administração Geral das Alfândegas] solicitou informações sobre alguns estabelecimentos brasileiros que exportam para a China e que tiveram notícias divulgadas na imprensa do Brasil sobre casos da Covid-19 entre seus trabalhadores”.
Antes de serem atingidas pela restrição para exportação, essas unidades frigoríficas vinham sendo alvo de ações e recomendações por parte do MPT (Ministério Público do Trabalho), que considera o setor negligente com a saúde dos trabalhadores.
A gerente-adjunta do Projeto de Adequação das Condições de Trabalho nos Frigoríficos do MPT, procuradora Priscila Dibi Schvarcz, diz que a situação era previsível. “Nós alertamos, diversas vezes, para o fato de que isso acabaria acontecendo. Avisamos que isso acabaria impactando as exportações em alguma momento.”
(Texto: Folhapress com João Fernandes)