Consumo de eletrodomésticos cresce com crédito facilitado, mas consumidores buscam preços baixos

Eletrodomésticos expostos do lado de fora da loja, no centro da Capital - Foto: Nilson Figueiredo
Eletrodomésticos expostos do lado de fora da loja, no centro da Capital - Foto: Nilson Figueiredo

Setor registra alta de 29% em 2024, maior alta da década, com ar-condicionado liderando crescimento

 

O setor de eletrodomésticos segue em alta, registrando um crescimento de 29% nas vendas em 2024, o maior da década, segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos. Apesar do aquecimento do mercado, consumidores têm priorizado promoções e preços acessíveis, uma tendência que vem sendo acompanhada de perto pelo varejo. Exemplo disso é a Lojas MM, que aposta na campanha “Descontômetro”, oferecendo R$ 10 milhões em descontos para atrair clientes.

O calor intenso tem impulsionado as vendas de produtos para climatização. Segundo o gerente da MM, Elvis Duarte, os itens mais procurados são os aparelhos de ar-condicionado e climatizadores. “A nossa venda cresceu muito nessa categoria, principalmente porque temos a entrega própria, enquanto muitos concorrentes não oferecem essa facilidade”, explica. A percepção do mercado é que esses produtos deixaram de ser considerados luxo e passaram a ser vistos como necessidade.

Em entrevista à imprensa, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, ressaltou o crescimento do setor de eletroeletrônicos com uma metáfora bem-humorada: “A boa notícia não sai só do forno, ela sai da geladeira, da TV, do airfryer, do ventilador.” Ele destacou que os bens duráveis foram os grandes protagonistas da expansão industrial em 2024, sendo o ar-condicionado o líder absoluto, registrando um aumento de 38% nas vendas.

Vanessa da Silva, vendedora e responsável pelo layout da loja Gazin, no centro da Capital, reforça essa análise: “Os climatizadores estão vendendo muito, tanto que em algumas lojas já há escassez do produto. Ventiladores também continuam em alta, sempre com foco no preço acessível”.

O acesso ao crédito próprio das varejistas tem sido um fator decisivo para o consumo. Segundo Duarte, a classe C tem utilizado cada vez mais o crediário para adquirir produtos de maior valor agregado, como geladeiras sofisticadas com motor inverter e painel digital. “Esse público está mais confiante na compra desses produtos premium e tem aproveitado as condições facilitadas”, afirma.

A nossa venda cresceu muito nessa categoria – Foto: Nilson Figueiredo

No entanto, os consumidores estão mais cautelosos. O aumento do custo de vida fez com que o uso do cartão de crédito fosse direcionado para necessidades básicas, como farmácia, mercado e combustível. Com isso, o crediário próprio das lojas e o pagamento via carnê se tornaram alternativas preferidas. “O consumidor está mais consciente e busca garantir que terá crédito disponível para emergências”, ressalta o gerente.

A vendedora da Gazin também destaca que o carnê é o método mais utilizado na loja. “A grande vantagem é que não há cobrança de juros, então os clientes preferem essa modalidade em vez do cartão de crédito”, explica.

Eletros de pequeno porte dominam as vendas

Apesar do crescimento nas vendas de itens mais caros, produtos de pequeno porte ainda são os campeões de saída. “Os liquidificadores sempre tiveram alta demanda, especialmente os modelos mais baratos. Depois vêm as fritadeiras elétricas, que cresceram muito pela praticidade e pela recomendação boca a boca”, explica Vanessa. Outros produtos em alta incluem panelas de arroz e processadores, este último impulsionado por tendências de alimentação saudável.

As projeções para o setor indicam que há espaço para crescimento, mas a postura dos consumidores mudou. “Antes, as compras eram mais impulsivas, mas agora as pessoas estão segurando mais antes de decidir”, observa Duarte. Para contornar esse cenário, as lojas precisam investir em atendimento mais personalizado e promoções estratégicas. “Hoje, o vendedor precisa construir um relacionamento com o cliente. Muitas vezes, a venda não acontece na hora, mas sim na semana ou no mês seguinte”, acrescenta.

Com um mercado cada vez mais competitivo e um consumidor mais exigente, o desafio do varejo é “equilibrar ofertas atrativas, facilidades de pagamento e um atendimento diferenciado para manter o ritmo de crescimento das vendas”, conclui o gerente.

 

Por Djeneffer Cordoba

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