Por IZABELA CAVALCANTI (JORNAL O ESTADO MS) – Os consumidores sul-mato-grossenses terão que arcar, pelos próximos 4 anos, com o empréstimo de R$ 143,5 milhões disponibilizados para o Estado, que prevê cobrir os custos extras de contratação de energia no ano passado e minimizar os impactos da conta de luz em 2022.
Com isso, de acordo com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), para este ano, a redução deve ser de 4,14 pontos porcentuais nas tarifas, no entanto, a conta chegará a partir de 2023. Em Mato Grosso do Sul são, aproximadamente, 1,1 milhão de consumidores atendidos pela Energisa.
Em nota, a concessionária de energia elétrica informou que a medida é de “extrema importância para todo o setor elétrico e vai beneficiar diretamente todos os consumidores, uma vez que o empréstimo vai amenizar os reajustes tarifários ao longo de 2022”.
Conforme o Concen-MS (Conselho de Consumidores da Área de Concessão da Energia do Estado), o valor que será pago por mês, até 2026, ainda não foi definido. “A gente ainda não pode dizer como vai ser fracionado. A Aneel fez esse cálculo, mas de qualquer forma a concessionária aqui tem que homologar, tem que dizer se esse valor é maior ou menor e aplicar as correções. Só vamos ter esse valor, mais ou menos, depois de finalizada a negociação”, explicou a presidente do Concen, Rosimeire Costa.
O novo valor da energia paraeste ano será a partir do dia 8 de abril. Mesmo antes disso, alguns consumidores já estão sentindo a diferença no bolso. Esse é o caso do gestor de Recursos Humanos e microempresário Dendry Ernane Rios, de 39 anos. Ele reclama de um aumento de 84,47% ou R$ 158,01, de janeiro para março. No período, a conta saiu de R$ 187,06 para R$ 345,07.
“Uma residência que possui as mesmas pessoas, no mesmo expediente, finais de semana praticamente repetidos, e ainda acredito ter ficado até mais ausente do lar do que de costume. Como explicar esse aumento? Estou solicitando à empresa de energia que venha
me provar o porquê do registro alarmante de consumo dentro do meu expediente”, pontuou.
Entenda
No dia 15 de março, a Aneel anunciou empréstimos bancários, divididos em duas parcelas, de R$ 10,5 bilhões. O empréstimo foi autorizado pela Medida Provisória 1.078.
A Aneel já aprovou a liberação da primeira parcela, de R$ 5,3 bilhões. A segunda parte ainda vai passar por consulta pública, mas estima-se que seja de R$ 5,2 bilhões.
A Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica) explica que o valor não se destina às distribuidoras, e será direcionado para pagar geradoras contratadas a fim de impedir um risco de racionamento durante uma situação excepcional no cenário hidrológico brasileiro, e a alta internacional dos combustíveis.
Ainda segundo a Associação, levando em consideração a alta dos custos gerados pela contratação térmica extra, somada à alta dos preços dos combustíveis, seria inviável que os consumidores arcassem de uma vez com o valor total.
O dinheiro emprestado também serve para mitigar o pior cenário hidrológico dos últimos 91 anos, vivenciado no ano passado, que causou a redução da energia elétrica gerada pelas hidrelétricas. Com isso, para evitar o desabastecimento, recorreu-se a uma ampliação de energia proveniente das termelétricas, chegando ser até 7 vezes mais cara em comparação com a média do custo por MW/h das hidrelétricas.