“Não adianta ficar atiçando um país que só quer o bem do Brasil”. A declaração é do chefe da Câmara de Comércio e Indústria Brasil China, Charles Andrew Tang, que se diz preocupado com a sucessão de atritos na relação entre os dois países em meio à pandemia do novo coronavírus, causados por comentários de pessoas próximas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A Embaixada da China também deixou claro seu descontentamento e, em recado ao governo brasileiro, citou em nota na segunda-feira (6) haver “influências negativas no desenvolvimento saudável das relações bilaterais”. O país asiático é o maior parceiro comercial do Brasil no mundo.
O motivo mais recente para indignação chinesa foram os ataques ofensivos do ministro da Educação, Abraham Weintraub. No último sábado, em postagem no Twitter (que ele apagou depois), o auxiliar do presidente usou o personagem Cebolinha, da Turma da Mônica, para ironizar a China, onde teve início o alastramento do coronavírus.
A mensagem insinua que a crise mundial beneficiava o país asiático. A acusação, que não foi acompanhada de provas, causou “forte indignação e repúdio” na diplomacia chinesa, segundo nota da embaixada.
Para o governo chinês, as declarações de Weintraub são “difamatórias” e têm “cunho fortemente racista”, além de “objetivos indizíveis”. “Instamos que alguns indivíduos no Brasil corrijam imediatamente os seus erros cometidos e parem com acusações infundadas contra a China.”
No mesmo sábado do post de Weintraub, o Ministério da Agricultura chinês anunciou que pretende reduzir, “por questão de segurança”, as importações de soja brasileira e ampliar as dos EUA.
(Texto: João Fernandes com UOL)