Além da alta produtividade, espécie testada há mais de 10 anos também é resistente a pragas
Clonagem é um assunto que divide muitas opiniões, porém na agricultura a prática pode significar melhoramento das espécies com ganhos na produção. No quesito produtividade acima da média, o clone da cana-de-açúcar RB 065862 apresentou bons resultados chegando a produzir até dez toneladas a mais por hectare em relação a outras variedades da mesma cultura.
Com expectativa de liberação nos próximos anos para o mercado, a espécie foi desenvolvida pela Ridesa Brasil (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético) em parceria com a UFSCar (Universidade Federal de São Carlos). Segundo o Supervisor Regional de Melhoramento Genético da Ridesa/ UFSCar, João Carlos Civieiro, a RB 065862 começou a ser introduzida nas lavouras de MS em 2007, com a série 2006, ou seja, há 13 anos pesquisadores estudam seu desenvolvimento.
“Hoje o Estado já conta com clones promissores, mais produtivos e adaptados às condições daqui. Importante destacar a contribuição e confiança em nossas pesquisas por parte das usinas e fornecedores parceiros neste trabalho. A liberação pode ocorrer em breve, estamos na expectativa e vai depender dos resultados na área comercial que é a última etapa”, explica.
Ponto importante para o produtor é a resistência às pragas, principalmente entre julho e setembro, época de colheita em meio a safra e de difícil florescimento. Entretanto, Civieiro garante que a além da produtividade fora da média, o clone também é mais resistente a pestes.
As variações da RB já ocupam mais de 65% das lavouras de cana do Brasil e no Estado elas já estão presentes nas 19 unidades sucroenergéticas operantes. O resultado obtido é muito promissor e pode impulsionar muito o cultivo, defende o engenheiro agrônomo da Ridesa/UFSCar, Antônio Ribeiro.
“Usinas que experimentaram a série relataram produtividades muito boas. Já são treze anos de experimento e a nossa intenção é fornecer esse material com bastante segurança às usinas e aos fornecedores de cana”, afirmou.
Com avaliações de ensaios em diversos ambientes no Estado, o clone atingiu na média de três colheitas 107 toneladas de cana por hectare. “Estamos falando de dez toneladas acima da média apresentada, por exemplo, pela RB 966928 que é carro chefe aqui em Mato Grosso do Sul”, ressalta Ribeiro.
Para o presidente da Biosul, Roberto Hollanda Filho, se trata de um avanço para o setor no Estado. “O foco no aumento da produtividade é uma constante na atuação da Biosul. A parceria com a Ridesa tem sido positiva, temos ótimas expectativas com o desenvolvimento de novas variedades”, destaca.
(Texto: Marcus Moura)