Campo-grandense precisa trabalhar 113 horas por mês só para se alimentar

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Mesmo com arroz e feijão mais baratos, alta do café, óleo e carne faz cesta básica subir

Mesmo com a redução nos preços de alimentos essenciais como arroz, feijão e batata, o trabalhador de Campo Grande precisou de mais tempo de trabalho em setembro para garantir a cesta básica. O levantamento mensal da Conab e do Dieese mostra que o campo-grandense remunerado pelo salário mínimo teve de dedicar 113 horas e 8 minutos para adquirir os 13 itens alimentares básicos – um aumento em relação às 111 horas e 20 minutos registradas no mesmo mês do ano passado.

Para entender na prática o que significa dedicar 113 horas por mês apenas à alimentação, basta imaginar que o trabalhador que cumpre jornada de 44 horas semanais precisa reservar quase três semanas de trabalho só para garantir a cesta básica. Em termos diários, isso representa cerca de 5 horas e 40 minutos por dia úteis, somente para comprar os alimentos essenciais da família. Ou seja, boa parte do mês é comprometida com o esforço de se alimentar, antes mesmo de considerar gastos com moradia, transporte e outras despesas.

O estudo, divulgado na terça-feira (8), aponta que o custo médio da cesta em Campo Grande chegou a R$ 780,67, alta de 1,55% em relação a agosto e de 9,24% na comparação anual. O percentual da renda comprometida também cresceu: o trabalhador que ganha um salário mínimo líquido (R$ 1.518,00 menos o desconto de 7,5% da Previdência) destinou 55,6% da renda à alimentação, contra 54,7% há um ano.

A alta do conjunto foi impulsionada principalmente por produtos que acumulam aumentos expressivos nos últimos meses, como o café em pó (69,7%), o óleo de soja (28%) e a carne bovina de primeira (26%). Esses alimentos têm forte peso na composição da cesta e ajudaram a neutralizar as quedas de preços observadas em itens de maior presença no dia a dia, como o arroz (-30,1%), a batata (-50,5%) e o feijão carioca (-9%).

Entre agosto e setembro, cinco produtos ficaram mais baratos na capital sul-mato-grossense – batata (-6,96%), arroz agulhinha (-4,75%), açúcar cristal (-4,00%), tomate (-3,32%) e feijão carioca (-1,04%) –, enquanto outros oito apresentaram alta. Além do café e do óleo, subiram também banana (8,84%), leite integral (2,48%) e pão francês (1,62%).

O comportamento dos preços tem refletido tanto fatores sazonais quanto pressões de mercado, segundo a análise do Dieese. A estiagem limitou a oferta de carne bovina, enquanto a demanda externa por óleo e café manteve os valores em alta. Já o arroz e a batata registraram queda com o avanço das colheitas e maior disponibilidade interna.

No contexto nacional, Campo Grande teve a maior alta no preço da cesta básica do Brasil – o custo diminuiu em 22 das 27 cidades pesquisadas. A mais cara do país continua sendo São Paulo, com R$ 842,26, enquanto a mais barata foi Aracaju, a R$ 552,65.

Por Djeneffer Cordoba

 

Confira as redes sociais do Estado Online no Facebook Instagram

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *