A alta no preço das carnes bovinas, principalmente as de primeira linha, assustou os consumidores campo-grandenses nos últimos 15 dias. Teve estabelecimento na Capital que registrou baixa de até 60% no volume de vendas da proteína bovina. A situação fez com que a mercadoria não vendida acumulasse nos estoques causando uma reação em cadeia. Sem vender, os mercados pararam de comprar dos frigoríficos, o que estagnou o mercado. Entretanto, há luz no fim do túnel para os consumidores, já que, conforme divulgado na edição de ontem (6), o preço da arroba do boi acumula baixa de 6% neste mês.
Segundo o comprador de frigoríficos e lacticínios da rede de supermercados Legal, João Benitez, os empresários do setor seguraram o máximo que puderam os reajustes. “A gente vem sofrendo com a baixa no consumo. Devido ao aumento, o consumo de carne vermelha caiu em até 60%, e olha que a gente não têm repassado todo reajuste ao consumidor porque isso corre com os clientes da loja. A gente repassa o mínimo possível”, explica.
Ele adianta que a expectativa é que o preço caia até 10% na semana das festividades, o que pode facilitar um Natal de mesa farta. “Nós já estamos nos preparando para o fim do ano com ofertas para atender nossos clientes. Já sentimos que o preço está em queda, muito levado pelo baixo consumo, esperamos que até na semana anterior das festividades uma queda de até 10%”, ressalta.
Quem se organizou e também apostou nas ofertas foi o proprietário da rede Nunes, Eder Nunes. Mesmo com a margem de lucro apertada, ele afirma que deu para atender a clientela com preços abaixo do mercado. “Então, em alguns lugares a carne ultrapassou os R$ 30, mas eu mantive em R$28/R$29 e não tive tanta queda. A queda maior foi na carne de primeira, a de segunda e intermediária praticamente não teve muita queda. O frango e porco também subiram, mas em menor proporção. O consumo deles subiu, nós abrimos uma loja na Gunther Hans, ali no trevo do Imbirussu, e trabalhamos bastante a oferta de preços. Para semana que vem esperamos melhores notícias para o consumidor”, afirma.
Nunes comenta que esta época do ano é marcada pelo aumento no consumo, pois o brasileiro gosta de ter uma mesa farta no Natal e Ano Novo e garante que quem faz oferta, continua vendendo. No outro lado da equação, o empresário e presidente da Assocarnes (Associação de Matadouros, Frigoríficos e Distribuidores de Carnes do estado), Sergio Capucci, afirma que a estagnação no varejo deu um “break” (pausa) no consumo, mas que a exportação não é a vilã da vez.
“A China representa apenas de 30% a 40% do fenômeno do aumento da carne, o grande fenômeno (vilão) foi a estiagem que reduziu o número de animais prontos para o abate. Foi uma cadeia de sucessão. A exportação não é a vilã dessa história. Tanto que o mercado externo já sinalizou que vai abrir as compras com um preço menor que estava pagando antes”, avalia.
Ele comenta que daqui para o final do ano, o preço da carne deve cair. Na mesma linha de raciocínio, o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) informou ontem (6), que identificou um recuo de 9% no preço da carne na primeira semana de dezembro.
“Em Mato Grosso, a arroba do boi passou de R$ 216 na segunda-feira (2) para R$ 197 nessa quinta-feira (5). Na Bahia, caiu de R$ 225 para R$ 207, de segunda para quinta-feira. Em Mato Grosso do Sul, a arroba estava cotada a R$ 220 e foi para R$ 200 no período. Os resultados mostram a tendência iniciada na última semana de novembro”, disse o comunicado.
Ao participar do Encontro Estadual de Cooperativistas Paranaenses, em Medianeira (PR), a ministra Tereza Cristina voltou a ressaltar que o preço da proteína está se ajustando. “O preço daqui para frente deve se estabilizar”, disse.
Ela ainda destacou que o mercado precisa se regular sem interferência do Mapa. “Isso é mercado. Não tem o que a gente fazer no momento”. Tereza Cristina descartou falta de carne para consumo interno. “Fiquem todos absolutamente tranquilos, tem carne para todo o Brasil”, acrescentando que o país dispõe de um rebanho de mais de 215 milhões de cabeças.
(Texto: Marcus Moura)