Aumento dos preços de materiais de construção causa impacto no ramo imobiliário

Reprodução/Agência Brasil
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O preço dos materiais de construção chegou a registrar um encarecimento de até 70%, entre 2021 e 2022, de acordo com especialistas do segmento imobiliário. No momento, o mercado está começando a se estabilizar, mas a escassez de materiais acompanha a inflação dos preços e resulta no aumento dos prazos de conclusão dos imóveis, aliado à alta de seus valores.

O diretor do Copacabana Materiais para Construção, Luciano Nandes, diz que o mercado se encontra instável, atualmente, apesar de uma recente melhora. “Por conta do aumento dos preços e a falta de mercadorias, o mercado está oscilando a cada mês. Não caiu muito, porque existem pessoas investindo em construções”, disse.

Nandes acredita que essa elevação dos preços se deve ao corte de funcionários de fabricantes de materiais e à queda dos insumos disponíveis. “Os preços aumentaram devido à escassez de matéria prima e de mão de obra. As empresas diminuíram o quadro de funcionários e o consumo continuou alto. Então, houve recuo da produção e o custo aumentou. De dez fábricas, oito reduziram o número de funcionários.”

O gestor do depósito de construção também comenta que a demora na entrega do produto afetou o valor final. “Há três anos, quando acontecia isso, as pessoas compravam a mercadoria a um preço X e, quando chegavam na loja, pagavam esse preço. Hoje, se o preço aumentar durante o tempo de espera, o consumidor tem de pagar a diferença ao receber”, revelou.

Marcos Neto, presidente do Secovi-MS (Sindicato de Habitação), está ciente da situação e percebe que as construtoras estão tentando manter os preços para não passar os reajustes. “A falta de material impacta no preço e as construtoras tentam segurar o valor no máximo que dá, mas tem produtos como o aço e o cimento que não dá para segurar”, explicou Neto.

Já para o sócio-proprietário da Senzano Empreendimentos Imobiliários, Diego Senzano, o mercado da construção segue aquecido, nas linhas média e de alto padrão. O empresário afirma que há uma constante mudança de comportamento das pessoas. Ainda, aquelas que possuíam reservas ou créditos financeiros acabaram se direcionando para o mercado imobiliário.

“Nós tivemos alguns acontecimentos que fizeram o investidor olhar novamente para o mercado imobiliário, o que impulsionou as vendas e as construções. Os valores dos imóveis acompanham seus insumos, não tem como ser diferente. O incorporador apenas repassa o que lhe é cobrado. A culpa não está no imóvel e nem é do empresário. Mas sim, no governo e na má gestão da nossa moeda.”

“Este é um ano desafiador, pois temos eventos políticos que devem contemplar incentivos monetários pelo governo, aumentando a inflação de um modo geral em virtude da perda de valor da moeda. Por outro lado, a gente também assiste à queda da matéria prima. Pelo menos assim, esperamos seguir, se não ocorrer nenhuma situação que venha impactar o mercado novamente”, analisou Diego Senzano. (Texto: Bela Reina)

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