O anúncio do governo de Mato Grosso do Sul de antecipação da metade do 13º salário dos servidores públicos estaduais, somado à liberação do segundo lote da de restituições do Imposto de Renda 2021, injetará R$ 342 milhões na economia sul-mato-grossense, já nos próximos dias. O fomento tem animado os setores de comércio e serviços campo-grandenses, porém alguns estão cautelosos. Para os mais pragmáticos, o abre e fecha gerado pelas restrições impostas pelo avanço, ou não, da pandemia do novo coronavírus (COVID-19), causa muita insegurança aos setores.
O temor foi transmitido pelo presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Campo Grande, Adelaido Vila. O dirigente afirmou que o montante anima a princípio os comerciantes, porém, ele afirmou que a insegurança jurídica proporcionada pelos decretos de medidas mais restritivas, têm deixado o segmento cauteloso.
“Precisamos saber se os comércios poderão ficar de portas abertas nos próximos dias, pois esse tipo de dúvida faz com que os empresários do setor analisem o cenário com cautela. Por exemplo, o setor do vestuário era para estar fazendo seus estoques de primavera/verão. No entanto, agora eles estão tentando queimar o estoque de inverno e isso pode ocorrer com a injeção desses recursos na economia. Porém, nós precisamos saber se poderemos investir para os próximos meses de forma mais segura”, disse.
Endividados
Além disso, Vila também analisou que esses recursos a mais podem dar poder ao consumidor de quitar suas dívidas, pois a pandemia aumentou o número de inadimplentes em todo o Estado. “Esse recurso não era esperado e, por esse motivo, pode ser muito útil para aquelas pessoas que estão endividadas. Ou seja, ganham todas as pontas, o credor que precisa receber esse débito, bem como a pessoa física fica livre para abrir outras linhas de crédito e poder aumentar seu poder de consumo”, complementou.
A visão de Vila é parecida com a do presidente da Fecomécio-MS (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Mato Grosso do Sul), Edison Araújo. Segundo o também dirigente, hoje 67% das famílias estão endividadas, sendo que 58% destas dívidas são de cartão de crédito. Logo, estes consumidores poderão recuperar o poder de compra, e o empresário que vem se mantendo otimista, terá seu comércio aquecido”, projetou.
Bares e restaurantes
A maioria dos setores da economia foi afetados pela crise sanitária ocasionada pela pandemia da COVID19. No entanto, um dos mais prejudicados foi o de bares e restaurantes, por terem sido classificados desde o início da pandemia como serviço não essencial e de alto risco. O presidente da Abrasel-MS (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Mato Grosso do Sul), Juliano Wertheimer, espera que nos próximos dias esse montante que será injetado na economia campo- -grandense se reflita no aumento das vendas desse segmento.
Ele também aguarda que a prefeitura da capital diminua o toque de recolher, que hoje está das 21h até as 5h, conforme é preconizado pela bandeira vermelha do programa Prosseguir. “Estamos em conversas com a prefeitura de Campo Grande para diminuirmos o isolamento social obrigatório. Esse fato, culminado com esses recursos extras injetados na economia, poderá elevar o ticket médio dos consumidores nos bares e restaurantes e, consequentemente, desafogar um pouco os empresários do setor que foram muito prejudicados devido às restrições impostas pela economia. Já tivemos uma conquista, que foi a negociação direta com os municípios, mesmo com um possível decreto estadual aumentando as restrições. Espero que isso aconteça já nos próximos dias”, conclui.
Texto: Flávio Veras
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