Iniciativa também busca inserir o setor produtivo local em cadeias globais comprometidas com a descarbonização
Após um dia de intensos debates em Bonito, durante o Fórum LIDE – COP 30, um dos principais resultados foi o anúncio de um acordo técnico entre a Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul) e o Governo do Estado, voltado ao apoio técnico e institucional a pequenas e médias empresas em projetos de sustentabilidade, crédito de carbono e práticas ESG. A iniciativa visa preparar o setor produtivo do Estado para as diretrizes ambientais que estarão em destaque na COP 30, que será realizada em Belém (PA) no segundo semestre.
O presidente da Fiems, Sérgio Longen, destacou o protagonismo do Estado em políticas de desenvolvimento sustentável e afirmou que Mato Grosso do Sul chega fortalecido ao debate global. “Depois de um dia bastante intenso, com grandes propostas, a gente chega mais preparado para a COP 30. É um Estado que vem de uma condição muito favorável e até invejado em ações de desenvolvimento, em investimentos privados em vários setores, e cada vez mais tem se preparado para os grandes embates”, disse.
Segundo Longen, o termo firmado com o Governo do Estado tem como foco ampliar o suporte a empresas de menor porte. “As grandes empresas normalmente já têm os seus projetos de sustentabilidade em execução. Agora, o Governo do Estado, junto com a Federação das Indústrias, trabalharão unidos para as médias e pequenas empresas nos projetos de ESG, sustentabilidade, crédito de carbono. É uma parceria de extrema importância para a Federação, para o Estado e também para as empresas instaladas aqui”, afirmou.
O acordo prevê suporte técnico por meio da Diretoria de Sustentabilidade da Fiems e das secretarias estaduais de Meio Ambiente e de Desenvolvimento. “Essas áreas técnicas irão dar suporte aos projetos de pequenas e médias empresas. A ideia é que a gente amplie os esforços para que essas empresas, com o auxílio do governo e da Federação, possam ser beneficiadas com ações e entregas nas áreas de meio ambiente”, completou Longen.
Entre os temas debatidos durante o evento, também esteve a criação de uma agência reguladora para o mercado de carbono. “O mercado de carbono ainda é novo. Entendemos que o Pantanal é de extrema importância na preservação e pode ser usado como ativo ambiental para compensação de carbono. É uma forma de rentabilizar o proprietário rural e envolver esses agentes na proteção do bioma”, avaliou.
Agroindústria no centro da agenda climática.
Presente no evento, o secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, destacou a centralidade da agroindústria na agenda climática. “A agroindústria está no centro da transição climática e da segurança alimentar. Ela transforma os produtos do agro e os leva ao consumidor. É nessa cadeia que precisamos discutir sustentabilidade, desde práticas agrícolas de baixo carbono até geração de energia limpa”, afirmou.
Verruck apontou ainda que a pecuária sul-mato-grossense será um dos principais destaques levados à COP 30. “A pecuária, que no mundo é vista como fonte de desmatamento e emissão de metano, em Mato Grosso do Sul passou por uma revolução silenciosa. Retiramos cinco milhões de hectares da pecuária, mantivemos o rebanho e aumentamos o abate, reduzindo o tempo médio de permanência dos animais em 17 meses. Temos uma pecuária certificada como de baixo carbono e com metodologias para produção de carne de carbono neutro”, disse.
Evento antecipa discussões da ONU
O Fórum LIDE – COP 30 reuniu mais de cem líderes empresariais, especialistas e autoridades para antecipar discussões da COP 30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas). O evento contou com a participação de nomes como Dan Ioschpe, Campeão de Alto Nível da COP 30, o ex-ministro Henrique Meirelles, a ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira, o governador Eduardo Riedel e o governador do Pará, Helder Barbalho.
Por Djeneffer Cordoba e Alberto Gonçalves
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