“Na pandemia a gente notou que tudo que era sólido se dilui pelo ar”, refletiu o poeta e multiartista, Febraro de Oliveira ao contar sobre seu novo curta “Uma Festa Para O Fim do Mundo” que já está disponível no Youtube. O filme é baseado em seu livro homônimo que ganhou dois prêmios: Lê MS e o prêmio de reconhecimento popular na categoria livro do ano. Foi “só” nesses dois que ele foi inscrito. Este mês ele também sai pelo governo do Estado de Mato Grosso do Sul como e-book e vai ser disponibilizado gratuitamente para todo mundo. (Assista o curta no fim da reportagem)
Febraro conta que o poema que inaugurou o livro que está no curta fala: há 42 livros nesta casa, 23 portas retratos, ele vai citando vários números, várias coisas e no fim (no fundo) ele fala ‘mas nada disso é meu’. Isto porque neste pandemia a gente perdeu uma questão de pertencimento, a gente notou que tudo era frágil, tudo era mole, tudo se diluía pelo ar”, avaliou.
Para ele a importância neste reconhecimento surge porque assim a gente foi tirado do nosso senso de grandiosidade. “A gente conseguiu ver que somos um bichinho pequeno, frágil, fragílimo e este bicho está sendo esmagado por um vírus invisível”, pontua Febraro de Oliveira. Assim, a ansiedade e expectativa para o feedback são grandes.
“Espero que a obra ganhe muito mais espaço, mais lugares, mais mundo. Tenho um desejo que várias pessoas assistam este cura porque ele deu muito trabalho e é muito importante compartilharmos afetos e é importante construir uma rede afetiva entre nós. O curta consegue isso porque notamos que o segredo do outro é, muita vezes, o nosso. A solidão do outro é a mesma que a nossa. Neste nosso mesmo medo e solidão, a gente se reconhece como humanos, frágeis e pequenos, como ninharia e a partir disso a gente pode ter uma riqueza muito maior”, aponta Febraro de Oliveira.
Criação
Uma Festa Para o Fim do Mundo foi criado no começo da pandemia. “Começou em março e terminou quando ainda tinha 40 mil mortos ou 60 mil mortos. Hoje tem isso no curta. Hoje tem mais de 450 mil quase 500 mil mortos pela COVID. O livro é trabalhado e atravessado pela pandemia pelo sujeito na pandemia e pelas minhas questões na pandemia”, revela e prossegue na reflexão:
“Então, a pandemia tem esses atravessamentos. Tem a vivência LGBTQI+ e tem um trabalho nele com segredos, desdobramento de onde eu pedi para as pessoas me enviarem segredos para eu publicar no instagram e isso virou um ‘sucesso’, assim, começou a ganhar corpo para o curta metragem eu pensei que seria uma boa se estivesse no curta novos segredos, outro segredos, então pedi para as pessoas me enviarem segredos em áudios”, conta.
Para o espanto do artista, em 24 horas exatamente 2 mil 822 pessoas enviaram seus segredos para ele. “Foi bem chocante. Foi um número bem elevado. Mas ainda bem que enviaram e o curta entra nesse lugar”, destaca Febraro.
Febraro garante que a Lei Aldir Blanc proporciona isso, porém, existe nele uma necessidade que fosse mais palpável, de uma forma visual também. Gosto de pensar a palavra escrita, mas a visualidade também. Quando o lviro estiver disponível vai ser visto que o livro inteiro é repleto de ilustrações que eu mesmo fiz, que eu mesmo criei que percorrem o livro inteiro. Sâo 300 páginas que percorrem caminhos e traços violentos também”, revela.