Os 57 trabalhadores resgatados de condições análogas à escravidão em Itambé, no interior do Paraná, receberam na quinta-feira (23) as verbas trabalhistas intermediadas pelo MTE (Ministério do Trabalho e Emprego). Do total, 46 são indígenas da etnia Guarani-Kaiowá, recrutados em aldeias do Mato Grosso do Sul para atuar no corte de cana-de-açúcar.
De acordo com o MTE, os trabalhadores haviam sido contratados por uma empresa terceirizada de São Paulo, que prestava serviços a uma usina em São Pedro do Ivaí (PR). No local, foram encontrados em alojamentos insalubres, sem condições mínimas de higiene, alimentação e segurança. Nenhum deles tinha registro em carteira, e parte do grupo acumulava dívidas com um comércio da região, onde eram obrigados a comprar alimentos e produtos básicos. O valor era descontado dos salários, configurando servidão por dívida.
A operação de resgate foi realizada em 16 de outubro e mobilizou uma força-tarefa com auditores fiscais do trabalho, procuradores do MPT (Ministério Público do Trabalho), servidores da Secretaria de Inspeção do Trabalho e equipes das polícias Federal, Rodoviária Federal e Militar. A ação foi considerada uma das maiores dos últimos anos no estado.
Após a constatação das irregularidades, a usina Renuka, apontada como beneficiária direta da contratação, firmou um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) comprometendo-se a quitar os direitos trabalhistas e garantir o retorno seguro dos resgatados.
Com o pagamento concluído, os indígenas embarcaram em dois ônibus com destino ao Mato Grosso do Sul. O percurso de cerca de 500 quilômetros foi feito sob escolta da Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal e Polícia Militar do Paraná. As famílias retornaram para suas comunidades nas regiões de Amambai e Dourados, onde continuarão a ser acompanhadas por órgãos de proteção social.
O Ministério do Trabalho informou que o caso segue sob investigação para identificar todos os responsáveis pelo aliciamento e pelas condições degradantes a que os trabalhadores foram submetidos.