Taxa de juros e aumento no IOF também influenciaram as negociações
Os produtos comercializados em lojas e depósitos de materiais de construção registraram aumento exponencial se comparado com os preços praticados há um ano. Segundo profissionais do ramo imobiliário, alguns itens, como o ferro, tiveram elevação de 200% de janeiro de 2021 até agora.
“Houve muito aumento desde o começo da pandemia. Tem produto que mais que dobrou o preço, como plásticos, ferro, telhas. A maior alta mesmo da construção civil foi no ferro. Outros materiais também, como tubos e conexões, caixas-d’água, telhas de eternite e até tijolos. Quem não trabalha na área chega a se assustar”, conta Nelson Nunes, gerente do depósito Copacabana, em Campo Grande.
Ele explica que alguns motivos levaram à subida dos preços constatada atualmente, como a falta dos produtos no comércio em razão das paralisações das
fábricas logo no início do período pandêmico. No entanto, esse cenário não é motivo de preocupação para quem deseja adquirir um imóvel. De acordo com agentes do segmento, o mercado está a todo vapor.
“Nosso setor está aquecido. Está havendo muita demanda. Tudo o que está a preço do mercado está sendo vendido, o que mostra que a crise é mais de saúde política do que financeira. O preço do material de construção tem influência nos imóveis. Ferro, aço e acabamento aumentaram bastante. Um saco de cimento que há seis meses você pagava cerca de R$ 23 ou R$ 25, hoje você vai pagar R$ 38”, relata Tomas Ugri, proprietário de uma corretora de imóveis.
Alta nos juros
O aumento neste mês da taxa básica de juros do Brasil, a Selic, para 6,25%, como método de conter a alta inflação que o país vivencia atualmente também não atormenta quem deseja comprar uma moradia. Pelo menos, é o que corretores afirmam com base nos resultados obtidos nos últimos anos com as negociações de compra e venda de casas e apartamentos.
Depois de seis anos sem altas, a Selic passou a ter elevações consecutivas em 2021 a fim de desestimular o consumo e incentivar o uso da poupança. Essa
decisão é utilizada pelo Banco Central em situações como a atual, em que a inflação apurada tem representado altas expressivas nos preços ao consumidor.
No entanto, a ação monetária pode impactar na aquisição de uma moradia, já que as operações deste processo envolvem a incidência de taxas. E embora a obtenção de crédito fique mais cara em virtude do reajuste dos juros, quem deseja comprar um imóvel pode optar por meios alternativos, como explica Odailton Souza, corretor de imóveis em Campo Grande.
“Houve um aumento na Selic, mas ela é uma modalidade. Se o cliente aderir a essa taxa ele percebe o aumento. Mas se a pessoa optar pela tabela fixa ou a decrescente, ela constata que os juros estão parados, em 7% mais ou menos. No começo do ano, a Selic estava em aproximadamente 3%. Agora, ela já vai atingir quase 7%”, disse.
O cenário de grandes lançamentos e do bom ritmo de vendas do setor endossa a afirmação dos corretores de imóveis. “Do ano passado para este ano, tivemos aumento de cerca de 15%, mesmo com a alta nos materiais de construção. Nosso mercado não parou mesmo com a pandemia. Desde 2019, a estimativa na diferença das vendas é de 25% para mais. Acho que ninguém que anda em Campo Grande e olha os quatro lados da cidade não percebe o quanto ela cresceu”, dimensionou Souza.
(Texto: Felipe Ribeiro)