Com duração de 10 dias em cada região, cerca de 350 envolvidos buscam por reduzir número de focos
O aumento de incidência em focos do mosquito Aedes aegypti mobilizou as secretarias municipais de Campo Grande para realizar o Mutirão em Combate a Dengue. A ação foi lançada pela Sesau (Secretária Municipal de Saúde Pública) na manhã de hoje (22), na região do Imbirussu, onde o primeiro óbito de dengue hemorrágica na cidade foi registrado. No entanto, a ação percorrerá toda a cidade em 70 dias, 10 dias de trabalhos para cada região.
O secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, pontuou que o poder público está intervindo de todas as maneiras possíveis para que a incidência nos casos diminua e a Capital, que já está sob situação de risco, não descartando uma nova epidemia. “É considerado epidemia quando você tem mais de 1.500 notificações ao mês. Nós temos em torno de 900 notificações nessas três semanas, então, provavelmente, nós deveremos passar esses índices [de epidemia] neste mês. Pode ser que isso aconteça”, pontua.
Contudo, ele destaca que o principal fator que contribuí para o aumento dos focos é a falta de consciência da população, pois mesmo que os agentes de endemias repassem os cuidados necessários, ainda há omissão por parte dos moradores. “A secretaria vem fazendo sua parte e os agentes relatam que cerca de 80% dos focos estão em quintais das residências, mas as pessoas ainda resistem e, se for parar pra observar, a educação contra a dengue está sendo repassada. Todos já estão conscientes que a cada ano o mosquito se modifica e fica mais resistente”, diz José Mauro.
A ação abrangerá as sete regiões da Capital e conta com o auxílio de 350 pessoas, divididos entre agentes de endemias e funcionários da Sisep (Secretária Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), que juntos percorrerão durante 10 dias cada área com intuito de eliminar os focos de dengue. Conforme o secretário da Sisep, Rudi Fiorese, a pasta também ajudará no mutirão, fazendo limpeza em áreas públicas, recolhendo entulhos e retirando lixos dos terrenos. “Nesta campanha, a Sisep vai ajudar a Sesau, auxiliando os agentes nas limpezas e se atentando para que nenhum foco fique espalhado. Esse ano estamos trabalhando com quatro pontos de coleta, que funciona no Eco Ponto, e os demais vão ser definidos de acordo com o cronograma de atuação do pessoal”, destaca Rudi.
Apelo público
Durante a cerimônia, o prefeito Marquinhos Trad, ressaltou os cuidados que a população deve tomar contra a dengue e fez um apelo público pedindo para que todos auxiliem no combate ao mosquito Aedes aegypti. “A gente sabe que nesse período chuvoso é quando os casos aumentam, mas peço ajuda dos campo-grandenses, pois estamos enfrentando um momento difícil e precisamos diminuir os focos. Se com essas ações da prefeitura e mais a ajuda dos moradores, vamos conseguir combater a dengue, que só nesse início do ano já fez três vítimas no Estado”, fala o Prefeito.
Ação no bairro
A vice-presidente do conselho regional urbano do Imbirussu, Mirian de Souza Rolon, de 62 anos, relata que mora no bairro há mais de 20 anos e nunca viu uma ação como essa ocorrer pela região. A idosa vislumbrou o trabalho e ressalta que a prefeitura age da maneira certa realizando o mutirão por toda a cidade. “Nunca vi uma ação dessas pelo bairro, sinceramente, faz mais de 20 anos que moro aqui. Estou agradecida por essa mobilização, convivemos em um bairro afastado e foi necessário uma morte acontecer para nossa área ganhar visibilidade. No dia a dia somos assistidos, mas é diferente depois que enfrentamos uma epidemia dessa doença no ano passado. Os moradores daqui são muitos “descansados” e este tipo de ação vai fazer com que muitos tenham um despertar, ajudando no combate a dengue”, pontua a moradora.
Imóveis fechados e cobrança para os proprietários
O secretário José Mauro Filho destaca que já existe uma liminar que permite a entrada dos agentes de endemias nos imóveis que estão fechados. Após a efetuação da limpeza, os proprietários serão notificados e receberão uma espécie de multa pela prestação de serviço. “Estamos tendo dificuldades em entrar nesses imóveis que estão fechados, mas os agentes podem recorrer a liminar, que permite autoriza os mesmos a fazerem vistorias no local”, fala o secretário.
Além disso, no caso dos terrenos privados sujos, se o proprietário for notificado e não efetuar a limpeza, o município vai multar. “O que vai ser cobrado é multa, que varia de dois a oito mil”, disse José Mauro. Somente neste ano, cerca de 480 imóveis fechados foram autuados pelo município.
(Texto: Graziella Almeida)