Mais de duas mil cirurgias eletivas paradas na rede pública de saúde em Campo Grande em razão da suspensão dos procedimentos por conta da pandemia da COVID-19. De acordo com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), esses dados são do último levantamento realizado no início deste ano. Conforme a resolução, as cirurgias eletivas ambulatoriais e hospitalares estão suspensas não só na rede pública como também na privada.
Enquanto isso, Murilo Ferreira, 24 anos, diagnosticado com ceratocone, faz parte das estatísticas. Sem respostas, o jovem luta diariamente contra a doença que afeta os seus olhos, enquanto o seu transplante de córneas não chega.
“Desde que fiquei sabendo que as cirurgias foram canceladas, minha esperança desapareceu. Desde março do ano passado aguardo por uma cirurgia e até hoje, não existe nem previsão de quando ela acontecerá”, pontuou ele, que afirma que, mesmo sem a definição de uma data, sempre que pode vai até a Sesau em busca de informações.
Suspensão também acontece na rede pública estadual e na rede contratualizada. Na Santa Casa de Campo Grande, as cirurgias eletivas estão suspensas desde janeiro. Somente estão sendo feitas algumas cirurgias chamadas “eletivas essenciais” na área oncológica, ginecológica, oftalmológica e cardíaca. Neste ano, 25 procedimentos já foram cancelados e novos procedimentos não estão sendo agendados. Em 2020, 46 cirurgias eletivas foram canceladas.
No Hospital Adventista do Pênfigo, apenas as cirurgias de urgência estão sendo realizadas na unidade. Já a Unimed Campo Grande alegou que retomou as cirurgias eletivas no dia 22 de abril, mas ressaltou que os procedimentos que necessitem de internação hospitalar ou até mesmo de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) são sujeitos à disponibilidade de leitos do hospital.
A resolução também prevê que podem ser realizadas cirurgias na modalidade hospital-dia (day clinic), desde que não seja utilizada sedação profunda do paciente.
(Rafaela Alves e Michelly Perez)