Roberto Higa viu de tudo e registrou a COVID em Campão

Crédito: Roberto Higa/Retratos da Pandemia
Crédito: Roberto Higa/Retratos da Pandemia

O Raul Seixas da fotografia de Mato Grosso o Sul, história viva dos registros únicos dos fatos importantes, Roberto Higa apresenta o lançamento Galeria Virtual: Retratos da Pandemia em Campo Grande, nesta terça-feira (16), às 19h, no site www.robertohigafotografo.com.br. O evento tem o suporte dos incentivos previstos na Lei Aldir Blanc com apoio do Ministério do Turismo, Prefeitura e Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo).

Roberto Higa viu de tudo e registrou. Repórter fotográfico e documentarista dos acontecimentos de MS, ele é um arquivo vivo de histórias. Alegre e proativo chega aos 70 anos em novembro focado em não parar. Retratos da Pandemia em Campo Grande traz seu olhar sobre a situação crítica inédita na qual todos estão submetidos há pouco mais de 1 ano. Seu olhar sensível traz à tona a trajetória da COVID-19 por Campão junto ao sentir das reações das pessoas guardadas por suas lentes revelando angústias e tragédias. Dor, perplexidade, indiferença, pressão, medo e dúvidas foram detalhados na expressão do povo.

“Já tomei todas as vacinas imaginadas e continuo a achar que esta COVID veio para dar uma sacudida no pessoal. Como a Gripe Espanhola no início dos anos 1900 teve início, tem meio e terá fim. Nada como registrar como sempre gostei. Comecei a ver muitas pessoas sem máscaras no início. No carnaval de 2020 vi pessoas fazendo fila para dividir narguilé. Sem nenhuma preocupação. Fotografei hospitais, velórios onde as pessoas filmavam para mandar para parentes impedidos de estar presentes. Fotografei os índios na feira deles e ninguém usa máscaras porque faz mal para eles. No domingo (15) teve uma carreata de 6 horas de protesto lotada para caramba. Eles começaram a sentir na barriga”, reflete.

Alerta

“Você acessa as redes sociais hoje e parece uma página de obituário dos jornais. Você só vê falar de morte”, aponta Higa que desta suas fotografias também como um aviso. “É um alerta. Tem muitos questionamentos. Por exemplo, por que não paralisam a cobrança de impostos? Se fizessem lockdowns das contas, alimentos e impostos, tudo bem. Mas como alguém vai enfrentar tudo isso sozinho? Como vai pagar as contas, funcionários e impostos? Já faz um ano. Precisamos de um planejamento melhor. Fizeram um pandemônio da pandemia e virou exatamente isso”, analisa.

Em algo como “Eu nasci Há Dez Mil Anos Atrás” Higa já viu de tudo. “Eu nasci em 26 de novembro de 1951. Já vi o Homem chegar a lua em 1969, ouvi o Brasil ser campeão mundial em 1958, eu vi o primeiro transplante de coração, vi a Ovelha Dolly ser clonada, vi os Beatles, vi o Woodstock, vi as Diretas Já pela televisão, quero viver mais o que? Gostaria imensamente de ver meus netos crescerem. Tenho netos de 20 anos, de 18, de 3, 2 anos. Então eu já estou na hora de partir, mas se não der tudo bem, eu já vi de tudo. Mas vocês precisam continuar vivos, vocês meus netos”, avalia.

Em 1977, ano da divisão de Mato Grosso, Roberto Higa estava em Cuiabá fotografando os últimos dias de Capital una. “Aí falaram: ‘Higa vão dividir isso amanhã ou depois acho bom você descer’. Eu desci e fiz o primeiro hasteamento da primeira bandeira de MS. Sou o único que tem o registro do momento”, lembra.

Paixão pela profissão

Logo Roberto Higa vai aparecer com mais novidades onde todos verão seus registros. “Daqui um mês mais ou menos vou inaugurar um espaço onde é meu estúdio, no Carandá. Vou mostrar para universitário, estudantes e receber justamente quem tem interesse em conhecer Campo Grande. vou estar com espaço lá”, revela.

Higa conta que estarão expostas fotografias da inauguração das primeiras lojas de departamento da Capital Morena, da primeira escada rolante da cidade que inaugurou. “Fui o único a fotografar a queda do Relógio da 14. Não posso ficar parado esperando a morte chegar. Eu preciso correr atrás do prejuízo”, conta.

Apesar de acreditar já ter feito tudo nesta vida, quer ver os netos crescerem. “Não tenho mais filho para sustentar, mas tenho minha vontade de trabalhar. Tenho pique e tesão pela profissão. Eu, graças a Deus, com minha idade consigo fazer minhas estripulias e continuar trabalhando. Sou movido à paixão pela profissão. Podia estar em casa muito mais devagar, mas aí prefiro morrer, aí já chega. É um para de trabalhar, de pensar em algumas coisas e morrer”, conclui.

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