Realizando atendimento policial, especializado, de mulheres em situação de vulnerabilidade de gênero, a Casa da Mulher Brasileira completa hoje (3) seis anos de acolhimento e proteção das mulheres vítimas de agressões.
Registrando boletins de ocorrência, solicitando medidas protetivas de urgência e tocando investigações de crimes como estupro, lesão corporal e feminicídios praticados tanto contra mulheres em contexto de violência doméstica ou por menosprezo ou discriminação à condição de mulher, a Capital foi a primeira do país a receber a implantação da CMB em 2015.
Somente no ano de 2020, a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) registrou 7.328 boletins de ocorrência, concluiu 4.168 investigações criminais e encaminhou 4.713 medidas protetivas de urgências. A delegacia foi responsável por efetuar a prisão em flagrante de 408 suspeitos de crimes contra a mulher e cumpriu outros 249 mandados de prisão.
De acordo com Fernanda Félix, delegada titular da Especializada, o ano de 2020 foi especialmente cruel com as mulheres. “Este ano que passou foi o ano em que mais se matou mulheres desde a criação da Lei do Feminicídio na Capital”, contou a delegada. “No total, 11 mulheres foram mortas em Campo Grande e outras 28 no interior do Estado, totalizando 39 feminicídios”.
Para a delegada, os números mostram que as mulheres ainda correm risco dentro de suas próprias casas, o que reafirma a necessidade de um acolhimento especializado a estas vítimas. “Em razão da pandemia, do toque de recolher, da suspensão das aulas, da suspensão do transporte coletivo, as mulheres passaram a ter mais dificuldade ainda, para se deslocar, para se locomover, até a Casa da Mulher Brasileira, e fazer o boletim de ocorrência na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher”.
E é, justamente, esse cenário que tem contribuindo para o caso mais grave de violência: o feminicídio. “A mulher ficando mais próxima do seu agressor, considerando essa situação de insegurança, de incerteza, de medo, de angustia, a mulher mais afastada da sua rede de apoio, mais afastada da sua família, ela era mantida, muitas vezes, em cativeiro por seu agressor e isso refletiu os números das mortes violentas de mulheres, porque elas não saiam para denunciar, não procuraram apoio especializado e acabaram morrendo”.
Para combater esse tipo de crime, o Governo do Estado tem adotado uma série de iniciativas, por intermédio da Subsecretaria Estadual de Políticas Públicas para Mulheres.
Luciana Azambuja destacou que, em breve, o local contará com o núcleo do IMOL funcionando dentro da Casa da Mulher, garantindo agilidade em relação ao socorro das vítimas. A previsão é que os médicos legistas já estejam aptos para atuar no local até março. “Fechando assim este ciclo de atendimento humanizado e qualificado, sem, no entanto, deixar de atender na Sala Lilás”.
A subsecretária salienta que o atendimento ininterrupto já é uma forma de combater a violência e apoiar a vítima. “A medida reafirma o compromisso do governo Reinaldo Azambuja no enfrentamento ao crime, na proteção às mulheres em situação de violência e no apoio e atendimento às mulheres em situação de violência, porque sabemos que os casos ocorrem no âmbito doméstico familiar, no período noturno e em finais de semana. A Deam é a principal porta de entrada da mulher em situação de violência em Campo Grande”.