Crise hídrica obriga governo a tomar medidas mais drásticas
O Ministério de Minas e Energia vai colocar em funcionamento no dia 1º de setembro o programa de bonificação que vem sendo preparado pelo governo para incentivar a economia de energia no país. O anúncio foi feito ontem, quinta-feira (12), pelo ministro da pasta, Bento Albuquerque, em Belo Horizonte, onde participou de encontro com empresários. A adesão é voluntária.
O governo vai dar desconto na conta de energia para quem poupar o insumo principalmente nos horários de pico, reduzindo, nesses horários, a pressão por potência nas hidrelétricas, cujos reservatórios operam com baixa capacidade por causa da crise hídrica.
O programa será implementado inicialmente para os grandes consumidores de energia, os chamados eletrointensivos. Alcançará também, posteriormente, os demais consumidores, como os residenciais. “Pretendemos até o fim desse mês estar com tudo preparado, e evidentemente que tudo é um trabalho que está sendo feito com a indústria, com os representantes dos consumidores, e vamos apresentar esse plano, que vai entrar em vigor a partir do dia 1º de setembro”, afirmou.
O ministro voltou a negar a possibilidade de falta de energia no país. “O que nós temos de balancear agora, para que não haja haja apagão, não haja possibilidade de apagão, é justamente a demanda, que nós temos que equilibrá-la para que não haja sobrecarga em determinados momentos no dia”, declarou.
O ministro também reafirmou que não há a possibilidade de racionamento do insumo. “Por que não trabalhamos com a hipótese de racionamento? Nós temos oferta de energia suficiente para atender à demanda. A nossa preocupação é preservar os nossos reservatórios de água nas nossas hidrelétricas. Eles são vitais. Funcionam como uma bateria de armazenamento de energia. Por conta da baixa afluência, esses reservatórios estão baixando os seus níveis”, disse.
Em 28 de junho o ministro fez pronunciamento em cadeia de rádio e televisão conclamando a população a economizar energia. Albuquerque declarou que houve retorno do pedido. “A nossa economia está voltando ao seu período de normalidade. Ou seja, naturalmente o consumo está aumentando por conta desse reaquecimento da economia, mas nós observamos também por parte dos grandes consumidores e dos consumidores residenciais uma postura não só de colaboração com esse momento que nós vivemos.”
O ministro repetiu que o Brasil vive uma “conjuntura hidroenergética bastante desfavorável”. “Estamos tendo as piores afluências dos últimos 91 anos. Mês a mês, isso se repete”, pontuou. O ministro Bento Albuquerque não quis comentar o desfile de veículos militares da Marinha que passou por Brasília na terça-feira (10). O comboio saiu do Rio de Janeiro e seguiu para Formosa (GO), para exercícios militares.
Em Brasília, o comboio passou em frente ao Palácio do Planalto. Um oficial desceu de um dos veículos e entregou um convite ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), para que acompanhasse os exercícios em Formosa.
A movimentação foi vista como uma tentativa de pressão do presidente sobre a Câmara dos Deputados, que tinha na pauta na data a votação do chamado voto impresso, uma de suas bandeiras. O projeto foi derrotado em plenário.
Entre os veículos, vários soltavam forte fumaça preta. Questionado se faltam recursos para a Marinha, Albuquerque, que é almirante de esquadra da reserva, disse que outras pessoas falam pela Marinha. “Quem fala pela Marinha é o comandante da Marinha, o ministro da Defesa, e o presidente da República, que é o comandante supremo das Forças Armadas. Eu sou ministro de Minas e Energia, que passou 47 anos felizes na Marinha do Brasil.”
O ministro esteve em Belo Horizonte para participar de discussão sobre a utilização do hidrogênio na produção de energia no país, organizado pela Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais). (Folhapress)