Apesar da crise hídrica de 2021 que desencadeou a pior seca em 91 anos, presidente da Sanesul (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul), Walter Carneiro Júnior, garantiu em entrevista a O Estado Online, que MS está seguro em relação ao abastecimento de água, devido aos recursos naturais associado à gestão estratégica da empresa.
Desde o ano passado, a crise hídrica reduziu a níveis críticos os reservatórios das hidrelétricas do Centro-Oeste e do Sul, responsável por cerca de 70% da energia hidráulica do Brasil, a situação se agravou ainda mais devido a pandemia de COVID-19, conforme o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
Em Mato Grosso do Sul 68 municípios são atendidos pela Sanesul, sendo que em 14 deles é realizada a captação superficial de água nos rios, enquanto as outras 54 são abastecidas por poços. Walter Carneiro destaca que o trabalho preventivo garantiu o abastecimento mesmo em meio a crise.
“Enquanto você vê rodízio de água em São Paulo, em Curitiba dois, três dias sem água, em Mato Grosso do Sul não têm isso, nós passamos por um período difícil ano passado mas não faltou água em lugar nenhum”, enfatiza.
Dentre os 600 poços construídos no Estado, 35% são super poços do Aquífero Guarani, MS também é beneficiado pelo Aquífero Botucatu, o que segundo Walter, assegura maior tranquilidade em termos de produção.
O Presidente da Sanesul ressalta que o maior transtorno durante o período de estiagem prolongada, entre junho a setembro, são os pequenos poços localizados na região do Pantanal. Ele explica que o local possui o subsolo esponjoso, por isso se o manancial seca, o poço é perdido.
“Os poços são muito frágeis então o desafio é manter a produção nesses locais, em Corumbá por exemplo faz dois anos que a gente faz captação do rio mas as bombas são fixas”, diz.
A Sanesul é responsável por cerca de 600 mil unidades de consumo que atende 1 milhão e 700 mil pessoas em MS.
“Vivemos a maior crise hídrica dos últimos 100 anos que compromete toda a questão da recomposição dos mananciais, não chove os postos perdem capacidade de produção, os mananciais não se recompõem”.
Walter Carneiro salienta que os próximos planos da Sanesul são ampliar a gestão no sistema de água para dar mais qualidade na operação e combater perdas na cadeia produtiva.
“Fazendo investimentos em tecnologia, inovação, automação, telemetria, criando distritos pitométricos nos municípios. Tudo isso para gerar eficiência energética, o foco nos próximos quatro anos é melhorar a gestão no sistema de água”.
De acordo com o presidente, o Plano Diretor de Água, implementado pela Sanesul, prevê a garantia do abastecimento até 2040. “Não trabalhamos com crise hídrica, trabalhamos com segurança hídrica, para apanhar e garantir o abastecimento de água das cidades”, finaliza.