O preço médio de gasolina, etanol e diesel voltou a registrar alta na Capital, segundo a tradicional pesquisa semanal do jornal O Estado em 20 estabelecimentos da cidade. Na gasolina, o preço médio passou de R$ 4,020 para R$ 4,102 (+2,04%), o etanol de R$ 3,309 foi para R$ 3,326 (+0,51%). Já o diesel, saiu de R$ 3,538 para R$ 3,653 (+3,25%). A notícia chega após a Petrobras ter anunciado, na quarta-feira (28), uma elevação de cerca de R$ 0,05 por litro da gasolina, o que representa uma alta de cerca de 3,5% para a gasolina tipo “A”; este foi o primeiro aumento desde o dia 16 de agosto.
Onde economizar?
Mais uma vez os consumidores que desejam economizar na hora do abastecimento devem pesquisar preços. Para auxiliar na economia, a equipe registrou que dentre os 20 postos pesquisados, a gasolina mais barata (R$ 3,945) foi a encontrada no Posto São Miguel Arcanjo, da Avenida Marechal Deodoro, Vila São Jorge da Lagoa. Já o litro mais caro chegou aos R$ 4,299, no posto Royal Fic, da Avenida Costa e Silva, na Vila Progresso.
Para quem abastece com etanol, o preço mais acessível (R$ 3,197) foi encontrado nos Postos Katia Locatelli e, por sua vez, o mais caro (R$ 3,499) foi registrado em três dos comércios pesquisados, sendo eles: Posto Ipiranga, da Avenida das Bandeiras, na Vila Carvalho; Posto Ipiranga da Avenida Vereador Thyrson de Almeida, no Jardim Aero Rancho; e no Posto Lotus, no bairro Dom Antônio Barbosa.
Já no diesel, o preço mais acessível (R$ 3,498) foi obtido em dois postos da cidade, sendo o primeiro no Posto São Miguel Arcanjo e o segundo no Posto Guanandy, da Avenida Marechal Deodoro, bairro Guanandi.
Terceiro maior produtor do Brasil, por que o etanol em MS ainda é caro?
Mato Grosso do Sul é o terceiro maior produtor de etanol do país, porém, mesmo assim, os preços aplicados tornam o combustível comercializado no Estado um dos mais caros do Brasil. Segundo a Biosul (Associação de Produtores de Bioenergia de Mato grosso do Sul), na safra 2018/2019 foram produzidos 3,27 bilhões de litros, o que representa um aumento de 24% na comparação com a safra anterior, e destes, 90% são exportados a outros estados e apenas 10% são consumidos pelos sul- -mato-grossenses.
A equipe do jornal O Estado conversou com autoridades que destacaram a importância de uma revisão na legislação. Caso contrário, o combustível perderá espaço em um mercado cada vez mais competitivo.
Por meio de nota, a Biosul explicou como são definidos os preços finais aos consumidores. “O preço final reflete questões de oferta e demanda regionais, não estaduais, já que a maioria da produção segue para outros estados. É importante dizer que a formação de preço do etanol para o consumidor final não é definida pelas usinas, que produzem o biocombustível. Se trata de uma cadeia que passa pela produção, distribuição, revenda e tributação, além das variações regionais de mercado. Para os produtores, quanto mais competitivo e atrativo for o preço para o consumidor final, maior será a demanda pelo produto, o que estimulará ainda mais a produção. Vale salientar ainda que o ICMS sobre o etanol é igual ao da gasolina, diferentemente de outros estados, a exemplo de São Paulo”, destacou a nota.
A equipe do jornal O Estado conversou com o deputado federal Vander Loubet, que destacou a existência de “dois grandes culpáveis” pelos altos valores aplicados no Estado, entre elas a obrigatoriedade de o produto ser vendido em distribuidoras, para então ser revendido no Estado, como sendo uma das grandes responsáveis pelo valor final.
“Entendo que temos dois fatores que influenciam mais. O primeiro é que a nossa legislação não permite que as usinas possam vender o etanol diretamente para os postos de combustíveis. O etanol obrigatoriamente tem de ser vendido para uma distribuidora para depois ser revendido para os postos. Isso aumenta o custo do produto final, porque, mesmo MS sendo um dos maiores produtores, nosso etanol muitas vezes vai para uma distribuidora fora do estado, como Paulínia, em São Paulo, e no retorno vem acrescido do lucro da distribuidora e dos custos de frete”, conta.
Segundo o deputado, que se mostra favorável a alterações na legislação, a questão já ganhou debate inclusive dentro da Comissão de Minas e Energia da Câmara, mas pontua ainda a forte influência sofrida nos estados pelo ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
“Uma forma de resolver isso seria a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis permitir a mudança dessa legislação. Eu, pessoalmente, sou favorável a essa mudança. Esse debate inclusive existe dentro da Comissão de Minas e Energia da Câmara, na ANP e no Ministério de Minas e Energia, onde se discutem alternativas para reduzir os preços dos combustíveis. O segundo fator é a questão tributária, o ICMS. Como a pauta fiscal de cada estado varia, isso é uma questão que pode influenciar no preço final para o consumidor e gerar as diferenças que vemos entre os estados”, pontua.
Sem medidas de controle, MS perderá espaço de mercado, diz Nelsinho Trad
Em exclusiva para o jornal O Estado, o senador Nelsinho Trad afirmou, durante o encerramento da VIII Reunião do Grupo de Trabalho do Corredor Rodoviário Bioceânico, ocorrida na quinta-feira (22), que são necessárias medidas para diminuir os preços cobrados, caso contrário MS perderá espaço no mercado.
“Temos de ver quais os componentes que fazem parte do preço final do etanol, e aí sentar em uma mesa de negociação e fazer com que esse produto possa ser competitivo, só assim, em uma livre negociação com o mercado é que você vai estabelecer uma razoabilidade nessa questão do contrário nós vamos ficar para atrás por que outros estados vão baratear os preços e vamos ficar vendo eles venderem e nós não! O que nós em nível federal conseguiremos fazer nós vamos fazer”, destaca. (Bruna Marques e Michelly Perez)