Aumento nas bombas varia de R$ 0,18 a R$ 0,23, segundo o Sinpetro
A oscilação de preços dos combustíveis tem tido reflexo para a população desde 2016 e, com isso, atinge até quem não tem veículo, precisando arcar com aumento de insumos do dia a dia. É o que avalia a economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Andreia Ferreira.
“O histórico prejudicial ao consumidor no caso brasileiro vem desde 2016, com a adoção da equivocada política de paridade internacional de preços de importação, somados aos desmontes sucessivos na Petrobras. Mesmo quem não possui veículo próprio sofre com as variações positivas de preço dos combustíveis, pelo impacto que isso gera nos produtos e serviços que dependem dos combustíveis para ser produzidos ou comercializados”, explica a profissional.
Ela detalha como o preço afeta a vida de quem não tem veículo. “Considerando que os combustíveis são componentes no custo de produção de produtos e serviços, quaisquer variações, especialmente as de aumento de preços, repercutem na vida das pessoas, como aumento de preços nas tarifas de transporte urbano e rodoviário, tanto de pessoas quanto de cargas, e aumento no preço de medicamentos, alimentos e quaisquer outros produtos que vêm de outros municípios ou estados, por exemplo”, completa.
A economista lembra ainda sobre a guerra entre a Ucrânia e a Rússia, que atinge outros países europeus que dependem do petróleo para aquecimento.
“Diante de um inverno mais rigoroso por conta das oscilações climáticas intensas, o potencial aumento de demanda por parte da China e o dólar valorizado ante a moeda nacional [real] tendem a fazer com que as variações no preço dos combustíveis se mantenham por mais algum período. Há esperança de que o novo governo devolva à Petrobras a capacidade de investimentos em tecnologia que rompa a dependência que, até 2016, não existia”, destaca.
Reajuste
Ontem (25) começou a valer o primeiro reajuste da gasolina do ano, de 7,46% ou R$ 0,23, saindo de R$ 3,08 para R$ 3,31 por litro nas refinarias. Alguns postos de Campo Grande também aumentaram. O mesmo ocorreu na virada do ano, aproveitando a confusão do PIS/ Cofins para reajustarem o valor.
De acordo com a estatal, considerando a mistura obrigatória de 73% de gasolina A e 27% de etanol anidro para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor será, em média, R$ 2,42 a cada litro vendido na bomba.
Em nota, a companhia informa que o aumento acompanha a evolução dos preços de referência e é coerente com a prática de preços da empresa, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado. Porém, sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações e da taxa de câmbio.
O economista Eugênio Pavão explica que o reajuste dos combustíveis está vinculado ao mercado internacional. “A gasolina deve ultrapassar os R$ 5,00 na Capital. Além disso, como o aumento será somente da gasolina os impactos serão maiores para quem possui veículos particulares, como motos, carros, entre outros.”
Pavão explica que o governo federal tem a prerrogativa de alterar a legislação vigente desde o governo de Michel Temer (2016-2019), quando o presidente da Petrobras, Pedro Parente, instituiu essa orientação para a empresa. “Sendo assim, o impacto na inflação do aumento da gasolina é mais alto do que o do diesel, no qual, irá impactar menos por causa do montante de combustível utilizado nos transportes públicos, caminhões.”
Aumento desproporcional
O fiscal de relação de consumo da Procon-MS (Superintendência para Orientação e Defesa do Consumidor) afirmou ao jornal O Estado que os estabelecimentos estão sendo monitorados.
“Nós estamos em monitoramento. Nós e a Procon Campo Grande também temos muita parceria com o Sinpetro. Nós tivemos sete procedimentos abertos, as empresas já prestaram esclarecimentos e vai ficar aqui para fazer o julgamento. Nós continuamos, sim, fazendo a verificação e monitoramento”, comentou.
Em um posto localizado na Rua Vitório Zeola, a gasolina saiu de R$ 4,69 para R$ 4,88. Em outro estabelecimento na Rua Marquês de Lavradio com a Rouxinol passa de R$ 4,69 pra R$ 4,89. O diretor-executivo do Sinpetro-MS (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Mato Grosso do Sul), Edson Lazarotto, estima que o aumento possa ser de R$ 0,18 a R$ 0,23.
Por Marina Romualdo – Jornal O Estado do MS
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