Número de feminicídios dobra na Capital

O número de feminicídios aumentou nos últimos três anos e, neste ano pandêmico, chegou a dobrar em comparação com o ano passado. O caso mais recente é o de Dulci da Silva Martinelle, de 80 anos, a 10ª vítima de feminicídio em Campo Grande em 2020. A idosa foi encontrada morta na madrugada de ontem (30), depois que o marido Vicente Mendes de Campos, de 76 anos, colocou fogo na residência onde moravam, no bairro Tarsila do Amaral.

Mato Grosso do Sul já registrou 33 feminicídios nos últimos 11 meses, o que representa 3 vítimas por mês. Os dados divulgados pela Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) apontam que, desse total, 10 mortes foram na Capital. O número dobrou em comparação com o mesmo período do ano passado, quando de janeiro a novembro o Estado tinha 26 vítimas, sendo 5 delas em Campo Grande.

O aumento de 100% dos casos preocupa as autoridades de segurança, que veem a cada dia uma mulher partindo por motivo fútil, em que o companheiro não aceita o fim do relacionamento ou mata por ciúmes.

Conforme apresentado pela delegada titular da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), Fernanda Mendes, de janeiro a novembro de 2018 foram 27 feminicídios sendo 6 deles na Capital. E, apesar de o ano passado ter tido um caso a menos, o número teve um grande crescimento este ano, que, segundo ela, se dá pela união do momento que estamos vivendo de pandemia com a agressividade de muitos homens.

“Nós acreditamos que em razão do isolamento, a mulher esteja sofrendo ainda mais a violência doméstica do que o normal. Os números aumentaram quando comparados a 2018 e 2019. Por conta da pandemia, muitas delas deixaram seus trabalhos, passando mais tempo em casa, cuidando dos filhos e marido, onde acaba havendo mais brigas e o aumento de casos de feminicídio, apesar do número de queixa de violência ter reduzido”, explicou.

Posse

Apesar de o momento de pandemia ter influenciado na aproximação entre homem e mulher dentro do mesmo ambiente por mais tempo, esses números só existem porque existem homens agressivos que veem a mulher como objeto de posse.

“Infelizmente, essas mulheres se tornam estatística, pois existem homens possessivos, machistas, autoritários que enxergam sua mulher como posse. O ambiente tem favorecido mais as agressões que levam o aumento do feminicídio por conta de homens violentos dentro de casa. Entre as maiores ocorrências de feminicídio, acontecem por excesso de bebida ou por conta de ciúmes, que homens sentem até mesmo do celular”, apontou a delegada titular da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), Fernanda Mendes. A pena para feminicídio é de 12 a 30 anos de reclusão.

Caso

O caso de Dulci Martinelle ainda está sendo investigado pela Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), que aguarda ouvir o suspeito de feminicídio. Vicente Mendes de Campos é suspeito de esfaquear e atear fogo na residência onde morava com a vítima. Após vizinhos sentirem o cheiro de fumaça, foram ao local e encontraram a idosa caída dentro do quarto e o marido abraçado ao botijão.

Por ter inalado muita fumaça, Vicente foi socorrido e encaminhado para a Santa Casa. Segundo a assessoria do hospital, até a publicação desta edição, o homem estava na área vermelha do pronto- -socorro, entubado. O estado era grave.

(Texto: Dayane Medina)

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