Ao todo, 51 localidades ainda estão sem registros de roubo
Mato Grosso do Sul tem até março, último mês com registros tabulados, 70 cidades e distritos sem nenhum registro de assassinato. Além disso, 51 localidades do Estado não tiveram casos oficializados de roubo. Os dados foram obtidos pelo jornal O Estado junto à Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) (veja os números).
Segundo as informações, sete locais não tiveram registros dos três principais crimes usados por especialistas para montagem de estatísticas criminais: Amandina, Arapuã, Areado, Culturama, Palmeiras, Piraputanga e São João do Aporé. Todos eles são distritos, mas possuem contagem própria de dados pela pasta.
Chama a atenção nos dados da Sejusp o fato de que, das 12 cidades fronteiriças do Estado, sendo uma com a Bolívia e 11 com o Paraguai, cinco delas não tiveram nenhum caso de homicídio registrado ainda no ano (Antonio João, Caracol, Japorã, Porto Murtinho e Sete Quedas), contrastando com a violência rotineira causada pela guerra do poder do controle das rotas de tráfico de drogas e armas no eixo Ponta Porã/Pedro Juan Caballero.
“São suas hipóteses que podem ser consideradas sem uma análise ampla dos dados, não só desses municípios, como das cidades paraguaias do outro lado da linha internacional. A primeira é que com a ascensão do PCC (Primeiro Comando da Capital) há uma concentração maior da violência no perímetro urbano da fronteira, sem sangue derrubado nas áreas rurais, e aí pelo próprio interesse da facção, conseguindo assim manter suas rotas clandestinas de tráfico. Ou, de fato, a concentração dos crimes nessas áreas está do outro lado da fronteira”, disse Bruno Paes Manso, pesquisador do NEV (Núcleo de Estudos sobre a Violência).
Estudos para entendimento dos casos são necessários, mas a influência do crime organizado existe. Japorã é o maior dos exemplos. Com menos de 10 mil habitantes, a cidade chegou a ter alarmante índice de 65,7 assassinatos por 100 mil habitantes em 2008, no seu ano mais violento, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Entretanto, desde então, a queda é livre. A Sejusp registrou oito homicídios em 2016 no município. Ano passado foi só um.
“É uma área em que existiam muitos conflitos de terra com indígenas que com o tempo foram se solucionando com a presença do Poder Público”, disse o delegado de Mundo Novo, João Cleber Dorneles, responsável por Japorã.
Enquanto algumas localidades vivem uma nova e esperada era de paz, em outras a condição já é uma rotina. Segundo os dados da Sejusp, 11 cidades ou distritos mantêm a ausência de registros de homicídios que alcançaram no ano passado: Taquarussu, Vicentina, Douradina, Jateí, Anaurilândia, Alcinópolis, Caracol, Glória de Dourados, Santa Rita do Pardo, Guia Lopes da Laguna e Rio Negro.
(Confira mais na página A7 da versão digital do jornal O Estado)