O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, desabafou em entrevista ao site da revista Veja na quarta-feira (16) sobre os desgastes vividos com o presidente Jair Bolsonaro durante o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus e admitiu que deixará a pasta.
Questionado sobre a permanência no cargo, o ministro disse que fica “até encontrarem uma pessoa para assumir meu lugar”. Mandetta ainda afirmou que não há chance de ficar no governo. “São 60 dias nessa batalha. Isso cansa”, desabafou Mandetta, que negou que esteja indo trabalhar com o governador Ronaldo Caiado em Goiás.
Mandetta se disse cansado após dois meses de trabalho na tentativa de conter a covid-19. “60 dias tendo de medir palavras. Você conversa hoje, a pessoa entende, diz que concorda, depois muda de ideia e fala tudo diferente. Você vai, conversa, parece que está tudo acertado e, em seguida, o camarada muda o discurso de novo. Já chega, né? Já ajudamos bastante”, afirmou.
Mandetta também disse que não se arrepende de ter entrado no governo Bolsonaro. O ministro evitou dar um palpite sobre a nova linha de trabalho de combate à pandemia após sua saída do cargo.
“Não sei, mas acho que o vírus se impõe. A população se impõe. O vírus não negocia com ninguém. Não negociou com o (Donald) Trump, não vai negociar com nenhum governo”, disse. Mandetta acrescentou que tem compromisso com o país. “Ninguém vai torcer contra”, concluiu.
O secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, justificou na quarta-feira, em coletiva de imprensa, por que decidiu pedir demissão da pasta. Segundo ele, esse processo vem já há algum tempo e que a mensagem era se preparar para sair junto com o ministro Luiz Henrique Mandetta.
(Texto: João Fernandes com Uol)