Nos últimos cinco anos, os jovens foram a parcela da população que mais perdeu renda no trabalho. Entre essa faixa etária que estão os maiores índices de desigualdade, conforme informações da pesquisa Juventude e Trabalho do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV) Social.
A pesquisa mostra que entre 2014 e 2019, jovens de 15 a 29 anos perderam 14% da renda proveniente do trabalho. Entre os jovens mais pobres, esse percentual chegou a 24% e, entre analfabetos, 51%.
De acordo com a publicação, enquanto outros grupos tradicionalmente excluídos como analfabetos, negros e moradores das regiões Norte e Nordeste apresentam reduções de renda pelos menos duas vezes maior que a da média geral nesse período de crise econômica no Brasil, esta perda foi cinco vezes maior entre jovens de 20 a 24 anos.
Segundo o diretor da FGV Social, Marcelo Neri, o desemprego afetou os jovens, mas a precarização do trabalho também. “O desemprego é um componente importante, mas não é o único e não é o maior. O desemprego é alto, mas a perda por precarização, por informalidade e redução de salário é tão grande quanto o desemprego”, diz.
O cenário provoca descrença entre os jovens. Neri diz que 30% dos jovens brasileiros acreditam que não têm perspectiva de ascender socialmente pelo trabalho. Isso colocar o Brasil em 103º lugar em um ranking de 130 países. No Peru, esse percentual é 3%.
Descrentes, o percentual dos chamados nem-nem, ou seja, aqueles que não estudam, nem trabalham passou de 23,4% em 2014 para 26,2% 2019. Entre os jovens que são chefes de família, esse percentual cresceu de 15,19% para 22,67% no período. Entre mulheres, passou de 27,84% para 30,25%.
De acordo com Neri, uma educação mais voltada para a realidade do jovem, ensino técnico para capacitar para o mercado e melhorias no ambiente de trabalho são fatores que podem contribuir para melhorar o cenário. O estudo está disponível na internet.
(Texto: Izabela Cavalcanti com informações da Agência Brasil)