Em menos de um mês, o hospital Unimed de Campo Grande já esqueceu de avisar duas famílias sobre a morte de seus entes queridos. Esse foi o drama vivido por Márcia Bernardes, que aguardava notícias do quadro de saúde da tia Almezinda, mas simplesmente recebeu uma ligação da unidade cobrando a retirada do corpo do local.
Tudo começou na sexta-feira (11), quando Almezinda Alves de 82 anos passou mal e foi levada para a Unimed. Lá a idosa presentou quadro de pneumonia e infecção urinária, e mesmo assim foi mandada de volta para casa. Três dias depois, Almezinda retornou totalmente debilitada para a unidade onde foi internada com suspeita de Covid-19.
Sem poder visitar e ter qualquer contato com a tia, Márcia Bernardes conta que ela e a família ficaram muito aflitos. Entre uma ligação e outra por parte do hospital, a sobrinha conseguia sentir um pouco de alívio, mas na verdade, acredita que sua tia havia sido completamente abandonada. “O médico falou comigo e disse que o caso era grave, ela estava sendo medicada e com aparelhos para ajudar na respiração, afirmou que podíamos ficar tranquilos porque ela estava bem assistida, e dependendo da evolução ou rebaixamento ela seria levada para o box ou para o CTI”.
Procedimento contraditório
Embora o médico tenha assegurado aos parentes que todos os procedimentos necessários seriam adotados de acordo com a necessidade, após repassar a informação para Márcia, ele mandou que levasse Almezinda para a enfermaria do hospital. “Essa decisão nos preocupou muito quando tomamos conhecimento, porquê foi totalmente contra ao que ele havia dito. Se o quadro dela era grave, a situação exigia um cuidado mais direcionado. Além disso, fomos até o hospital levar produtos de higiene pessoal e eles não aceitaram, sabemos que a Unimed não arca com isso, o que nos leva a pensar que minha tia não recebeu nem mesmo os cuidados básicos, ela estava completamente abandonada” conta.
No final da tarde da quinta-feira (17), já com três dias de internação, os entes queridos aguardavam notícias de Almezinda quando o hospital ligou cobrando a retirada do corpo do local urgente. Márcia levou um verdadeiro choque, e a colaboradora informou do outro lado da linha que a paciente havia falecido no dia anterior. “Ficamos anestesiados, não conseguíamos entender o que tinha acontecido. Fomos para a Unimed e pedimos explicações e resultados dos exames, mas eles não tinham nem isso para apresentar. Embora exista a possibilidade de Covid-19, nós queremos ter certeza da real causa da morte, eu acredito que minha tinha não recebeu os devidos cuidados e com certeza iremos processar a rede. Queremos justiça!” enfatiza.
Caso Irene de Arruda
O mesmo descaso abalou filhos, sobrinhos, irmãos e amigos de Irene de Arruda Simões de 84 anos, que faleceu às 17h do dia 4 de dezembro, mas a família só foi comunicada às 6h do outro dia. Enquanto a paciente já estava morta, familiares recebiam notícias de que seu quadro de saúde era estável.
Assim como foi com Almezinda, o Hospital também esqueceu de avisar a família de Irene que a paciente já estava sem vida.
Unimed lamenta óbitos e diz que a rede está sobrecarregada
Ao jornal O Estado Online, a Unimed lamentou as mortes dentro da unidade e classificou o erro como falta de comunicação de equipe. Disse também que a rede está sobrecarregada com o aumento de casos de Coronavírus nos últimos dias.
“A Unimed Campo Grande lamenta o falecimento das pacientes e informa que a equipe assistencial do hospital seguiu protocolos rígidos durante os atendimentos, a fim de garantir saúde e bem-estar a elas. Esclarece ainda que está apurando a possibilidade de ter ocorrido algum ruído na comunicação entre a unidade hospitalar e seus familiares para que sejam tomadas as providências necessárias.
Neste momento de pandemia da Covid-19, a unidade hospitalar está sobrecarregada, resultado do acúmulo do alto número de novos casos e aumento substancial de atendimentos, sendo atualmente o maior pico da doença. Os profissionais da saúde que trabalham incansavelmente nesta batalha contra o coronavírus estão exauridos” declarou.