A Itália enfrenta nesta quarta-feira (28) um dia decisivo na tentativa de formar um novo governo após a ruptura da coalizão entre o Movimento 5 Estrelas (M5S) e o partido Liga Norte, que resultou na renúncia do primeiro-ministro Giuseppe Conte.
O presidente italiano, Sergio Mattarella, realiza hoje o segundo dia de consultas com líderes partidários depois de ampliar o prazo das rodadas de negociações, tendo em vista uma possível aliança entre a legenda do vice-premier e ministro do Desenvolvimento Econômico, Luigi Di Maio, com o Partido Democrático (PD). Caso não haja acordo, haverá a convocação de novas eleições para novembro.
Ontem (27), representantes dos dois partidos encerraram a noite de diálogo com boa expectativa, apesar do dia ser marcado por incertezas. Ao longo das negociações, o PD retirou o veto ao nome de Conte como sugestão para ser mantido como premier e barrou a indicação de Di Maio como ministro do Interior, cargo atualmente ocupado por Matteo Salvini.
Em contrapartida à aprovação de Conte, o PD defende a garantia de que ocupará os cargos nos ministérios das Relações Exteriores e Economia.
Nesta manhã, PD e M5S já estão reunidos para chegar a um consenso sobre os entraves que ainda impedem um acordo para formar um novo governo e debater o programa comum e as divisões do ministério.
“Não há problema com Di Maio, mas há um problema com a estrutura do governo. Se há um primeiro-ministro do M5S, é certo que há um vice-primeiro-ministro do Partido Democrático. Isso serve para deixar claro que estamos entrando em uma nova fase na verdade “, afirmou Andrea Orlando, vice-secretário do PD.
Outra preocupação dos socialdemocratas é a votação online na plataforma do M5S, Rousseau, proposta por Di Maio para que membros do partido decidam sobre a possível nova coalizão.
“Se fosse entrar em conflito com a Constituição e afetar as decisões do chefe de Estado seria inaceitável. Se é um instrumento de decisão interna, é outra questão”, acrescentou Orlando.
A sugestão de uma aliança entre PD e M5S foi apresentada pelo ex-primeiro-ministro Matteo Renzi (2014-2016), apesar da oposição histórica entre os dois partidos. A ideia inicial tinha como objetivo a redução no número de parlamentares e decidir parâmetros sobre o orçamento de 2020, na tentativa de evitar o aumento do Imposto sobre Valor Agregado (IVA).
Desde então, o programa do possível governo cresceu e já está abrangendo propostas das duas partes, principalmente para alavancar o crescimento econômico do país. O principal entrave, no entanto, é a distribuição dos cargos no ministério.
Em meio às tratativas, Mattarella realiza as conversas com o grupo Para as Autonomias (SVP-PATT, UV) durante as novas consultas. Ele também receberá as delegações do Leu e dos Irmãos da Itália (FDI), de Giorgia Meloni. A primeira legenda, por hora, pretende abster-se, enquanto a segunda está disposta a conceder o voto de confiança a um novo governo.
“Nós confirmamos a nossa vontade de verificar as condições para criar um novo governo inovador. Nós não colocamos nenhum veto ou preconceito sobre os nomes”, afirmou Federico Fornaro, líder do Leu.
As consultas serão retomadas à tarde, quando, às 16h (horário local), o presidente italiano se reunirá com a delegação do PD, chefiada pelo secretário Nicola Zingaretti. Já às 17h será a vez de Silvio Berlusconi e a delegação do Forza Itália (FI).
O encerramento das consultas ficará por conta do encontro com a Liga Norte, do vice-premier e ministro do Interior, Matteo Salvini, às 19h locais, seguido do diálogo com Di Maio, que liderará a delegação do M5S. (ANSA)