Meirelles alerta que o mercado financeiro está preocupado caso 2° turno seja apenas com extremos
O candidato do MDB à Presidência da República, Henrique Meirelles, esteve em Campo Grande, na segunda-feira (17), onde apresentou suas propostas para os empresários dos setores industrial, comercial e agropecuário de Mato Grosso do Sul. Meirelles promete que vai criar 10 milhões de empregos, caso seja eleito.
As medidas adotadas seriam a retomada de 7,4 mil obras que estão paradas no Brasil, que gerariam empregos diretos na construção civil e o aumento da confiança dos investidores.
“A história mostra que, quando aumenta a confiança no país, aumentam os investimentos, e aumenta o emprego. Com as contas públicas equilibradas, que nós vamos garantir, dará o início de um grande processo e forte”, afirmou.
Durante entrevista coletiva, Meirelles falou que vai realizar a reforma tributária. Segundo o presidenciável, a proposta será juntar diversos impostos em um só para aumentar de uma vez a arrecadação. “Hoje a tributação no Brasil é muito elevada e complexa.
Um problema para as empresas principalmente.” Para conquistar os votos, Meirelles se apresenta como candidato centro-democrático, que tem história de honestidade e competência, com experiência de ter sido ministro da Fazenda das gestões de Luís Inácio Lula da Silva e Michel Temer.
O Estado – Nesta campanha, como o mercado financeiro vem reagindo?
Meirelles – Nas últimas semanas, os mercados estão preocupados, e com razão, sobre o que aconteceria no país caso nós tivéssemos um segundo turno apenas com os extremos. Preocupados com a disparada do dólar, disparada dos juros, queda da bolsa e preocupação de todo o país. A solução que nós oferecemos ao país é uma candidatura do centro democrático, com chances reais de vitórias, baseada num histórico de realizações concretas para o povo com um candidato que já criou 10 milhões de empregos no país nas administrações do Lula e do Temer. Sempre acreditei que o Brasil não se divide naqueles que gostam do Temer ou não, do Lula ou não e do FHC (Fernando Henrique Cardoso). Eu divido o Brasil entre quem trabalha pelo Brasil e quem não trabalha pelo Brasil. Sou um candidato ficha-limpa, tenho uma história de honestidade e competência, e vamos desta vez ter quatro anos para fazer com que o Brasil cresça e combata a pobreza. Vamos enfrentar as desigualdades sociais com a criação de empregos, renda e com o fortalecimento dos programas sociais. Aqui em Mato Grosso do Sul, evidentemente, a segurança rural será um ponto fundamental.
O Estado – Uma das suas metas de campanha é garantir a reforma tributária. A proposta seria juntar vários impostos em um só para aumentar a arrecadação. Caso seja eleito, de que forma isso deve ocorrer?
Meirelles – Hoje a tributação no Brasil é muito elevada e complexa. Um problema para as empresas principalmente, e nós vamos simplificar isso aí, criando um imposto único de bens e serviços que vai concentrar todos os outros para depois fazer a realocação para municípios, estados e governo federal. Numa primeira fase, depois, com o corte das despesas, diminuiremos o déficit e aumentaremos o superávit, com o país crescendo; isso vai permitir cortar impostos para a população barateando o custo dos produtos, principalmente para aqueles de renda mais pobre.
O Estado – O senhor tem falado muito da questão da criação de empregos, mas, especificamente, quais tipos de medidas pretende adotar?
Meirelles – São duas coisas. Existem 7,4 mil obras paradas no Brasil, nós retomaremos essas obras imediatamente. Inicialmente aquelas que estão perto da conclusão, depois aquelas que têm maior retorno social e de criação de empregos, então isso vai dar um grande surto de emprego e contratação de mão de obra. E, em segundo lugar, o aumento da confiança. A história mostra que, quando aumenta a confiança no país, aumentam os investimentos, e aumenta o emprego. Com as contas públicas equilibradas, que nós vamos garantir, dará o início de um processo grande e forte de retomada da confiança no Brasil; nós vamos ter um aumento nos investimentos, na renda e no emprego. Quando eu assumi o Banco Central do Brasil em 2003, no mesmo dia, a confiança no Brasil começou a subir. Quando assumi o Ministério da Fazenda, a mesma coisa: a confiança começou a subir imediatamente. Agora, quando existe a preocupação de que alguns candidatos extremistas possam ganhar a eleição, nós temos a queda da confiança e, de novo, a volta da preocupação dos consumidores e investidores; todo mundo preocupado como vai ser o futuro. Nós temos a confiança de que, ao ganhar a eleição, a confiança no Brasil sobe imediatamente. Portanto os investidores do mundo inteiro estão só aguardando quem vai ganhar a eleição no Brasil, e ganhando Meirelles, vamos investir no Brasil.
O Estado – A questão da segurança na fronteira e do agronegócio são dois pontos importantes do Estado; o que o senhor tem de proposta para um desses segmentos?
Meirelles – Segurança na fronteira, em primeiro lugar tem de se usar tecnologia. Violência se combate com inteligência, nós temos um satélite geoestacionário no Brasil já em condições de funcionamento, que vai mapear toda a fronteira. Nós sabemos que aqui, em Mato Grosso do Sul, há grande extensão de fronteira seca, que é exatamente onde a tecnologia com o satélite, para mapear, será fundamental. A partir daí, ações rápidas de policiamento da fronteira, de maneira que nós podemos bloquear a importação de armamento ilegal e a violência. Mas é necessária, sim, uma negociação diplomática com os países vizinhos, não se pode ter mudança concreta, garantida e funcionando, se nós temos um lado só da fronteira, precisa ser dos dois lados da fronteira. Nós vamos, sim, negociar com os países vizinhos de maneira que o Brasil, sendo um parceiro forte, econômica e politicamente falando, de todos os nossos vizinhos, façamos uma negociação justa correta, defendendo os interesses da população. Vamos buscar estruturar um processo em que do lado de lá da fronteira haja policiamento e, do nosso lado, com o satélite monitorando tudo em sistema de informação integrada da Polícia Federal em Brasília; já estive inclusive na sede e os agentes me deram integral apoio. Nós vamos criar todo um sistema de monitoramento e ação rápida para que o povo brasileiro possa se proteger cada vez melhor, principalmente pela grande extensão de fronteira seca.
O Estado – Candidato, o senhor, por ter feito parte de um governo que tem uma rejeição tão grande, que é do presidente Michel Temer, está tendo o seu desempenho influenciado nas pesquisas de intenções de voto?
Meirelles – Não influencia em nada porque eu fiz parte de mais de um governo. Durante oito anos, eu fui presidente do Banco Central e garanti o crescimento do país no governo do Lula, naquele período que terminou com altíssima popularidade, mais de 70%. Em 2010, o Brasil cresceu mais de 8% e geramos milhares de empregos, e tudo isso é uma questão de mostrar isso para a população. Mostrar que eu fui o responsável pelo crescimento da economia naquela época, pela criação de empregos e renda. As pessoas se lembram, naquela época: “Eu troquei minha geladeira, troquei meu fogão, a primeira vez que eu pude viajar, então as pessoas, conhecendo isso, a intenção de voto começa a subir rapidamente”. A questão é que, como eu nunca fui candidato, não sou um eterno candidato como alguns dos outros, então eu não tenho ainda o nome conhecido pela população, mas, no momento em que a população conhece a minha história, o que eu fiz pelo povo e de emprego para o Brasil, a intenção de voto começa a reagir rapidamente.
O Estado – Em relação ao monitoramento da fronteira, nós temos o Sisfron – Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras –, que está com a implantação muito atrasada e que foi adiada pelo Governo Temer. O senhor falou da geração de empregos também, e de retomada de obras pú- blicas. Tem dinheiro disponível pra isso no caixa do governo?
Meirelles – Sim, nós precisamos, antes de mais nada, retomar o crescimento; com o país crescendo as pessoas passam a trabalhar, passam a pagar impostos, empresas aumentam as vendas, aumenta a arrecadação de todos os governos, seja municipal, estadual ou federal. Com as reformas fundamentais, nós vamos eliminar gastos que sobem obrigatoriamente todos os anos, há recursos aí, sim, para investimentos fundamentais, seja em obras de infraestrutura, seja no sistema de informação, o Sisfron. Isso é fundamental, é exatamente o que eu estou estruturando com a equipe técnica para o primeiro dia de governo.
O Estado – Aqui em Mato Grosso do Sul, o MDB lançou ao governo o deputado estadual Junior Mochi. Assim, no âmbito nacional, o partido tem essa obrigação de ser uma alternativa?
Meirelles – Certamente, eu estou aqui extremamente entusiasmado com a candidatura do Mochi, já estou até planejando me reunir com ele, no início do planejamento de governo. Nós vamos aqui todos trabalhar juntos uma parceria do governo federal com o Estado, nós vamos exatamente criar um ciclo de investimentos. É um Estado, em nível nacional, com nível de desemprego baixo, o segundo menor do país, mas ainda é inaceitável. Nós vamos abaixar isso. Está liderando a produção de grãos em diversos itens. Nós vamos transformar o Brasil no grande celeiro do mundo. Os asiáticos estão demonstrando cada vez mais apetite pra comprar, estão aumentando a demanda mundial pela grande população da Ásia. Eu conheço muito bem todos aqueles países, com o próximo governador Mochi, nós vamos criar uma parceria para desenvolver e MS cada vez mais vai ser um estado que vai produzir pro mundo, porque agroindústria gera emprego e renda.
O Estado – Se eleito, o senhor vai manter Carlos Marun como ministro?
Meirelles – Marun é um grande companheiro, e no devido momento vamos ver aquilo que será o ministério dos sonhos dos brasileiros. Acesse também: Mayra Aguiar faz história no judô e ganha medalha de bronze