Visando ampliar a acessibilidade em diferentes esferas sociais, intérpretes de libras da CIL (Central de Interpretação de Libras), auxiliaram no parto do terceiro filho de um casal de surdos em Dourados. Esta foi a primeira vez que o casal teve acesso a informações básicas repassadas no hospital.
Com ajuda da intérprete Alexandra Mara Pereira, os pais Jéssica Coromoto Chirinos Romero de 24 anos, e Reny José Lovera, 33, puderam sentir a emoção de compreender cada detalhe do nascimento de seu filho.
O casal é natural da Venezuela e está há cinco anos no Brasil. Segundo eles, durante o nascimento dos outros dois filhos não houve comunicação no hospital, pois além de haver a dificuldade na fala existia uma trava na comunicação escrita, visto que ambos falam espanhol.
“A presença da intérprete Alexandra me passou segurança na hora do parto, ela esteve atenta às informações que os médicos repassavam, sempre conversando comigo. Experiência muito diferente do que aconteceu durante o nascimento dos meus dois primeiros filhos, que foram sem auxílio e com isso a minha comunicação ficou muito limitada com a equipe médica”, relatou Jéssica.
A família chegou em Dourados em agosto de 2020, e logo procuram CIL para auxiliar no processo de inserção no mercado de trabalho. Após um mês, Reny conseguiu um emprego e desde então a família é acompanhada pelo Centro de Interpretação de Libras, que prestou apoio durante todo o pré-natal de Jéssica.
Reny Lovera ressalta que foi a primeira vez que pode presenciar o parto.“A emoção de ver o parto de um filho pela primeira vez é única e todo o serviço prestado pela CIL foi muito importante para que isso acontecesse, com segurança e acesso a todas as informações relacionadas ao parto”, destacou.
Para a intérprete Alexandra Pereira, a luta pela acessibilidade deve ser contínua, ela ressalta que o direito a um intérprete está previsto em lei e o profissional não deve ser classificado como acompanhante.
“Nós fizemos todo o acompanhamento, desde a busca do primeiro emprego no município e durante a gestação. Quando ela começou a sentir contração ela entrou em contato com a equipe e nós fizemos as orientações e fomos até o hospital para acompanhar”, destacou a intérprete.
Desde a sua inauguração em 2020, a Central de Interpretação de Libras promove diversas ações com objetivo de ampliar o acesso à informação facilitando a comunicação entre pessoas surdas e pessoas oralizadas. Ao todo foram realizados mais de 652 atendimentos, além da mediação que resultou na inserção de 6 pessoas surdas no mercado de trabalho.
(Com assessoria)