Interior mostra força e marca presença no atletismo escolar

Emilly Vitória Ramos trocou dança e natação pelo lançamento de dardo - Foto: Roberta Martins
Emilly Vitória Ramos trocou dança e natação pelo lançamento de dardo - Foto: Roberta Martins

Seletiva para Escolares nacionais destaca talentos da base

O Parque Ayrton Senna, em Campo Grande, recebeu, no último fim de semana, pelo menos 460 alunos de 31 municípios para a etapa de atletismo dos Jogos Escolares da Juventude de Mato Grosso do Sul. A competição vale como seletiva para os Jogos da Juventude, torneio nacional marcado para os dias 10 a 25 de setembro, em Brasília, e reuniu histórias que mostram a força do esporte no Estado.

Kevin Tobias Agüero, 16 anos, que, no sábado (5), conquistou o segundo lugar nos 400 metros, com tempo de 49.1 segundos. O jovem de Ponta Porã iniciou no atletismo aos 12 anos, incentivado por professores. Na escola, encontrou um cartaz de seletiva para treinamentos de atletismo, entrou na equipe da Apev (Associação Pontaporanense Esporte E Vida) e não parou mais.

Em 2024, disputou o Campeonato Brasileiro Sub-16 e conquistou o ouro na prova dos 1000m com obstáculos. Na mesma temporada, em sua estreia nos Jogos da Juventude, foi ouro na prova dos 400m rasos.

Kevin também defendeu a seleção brasileira no Sul-Americano Escolar 2024, e faturou a medalha de prata nos 800 metros. A convocação, segundo ele, foi uma surpresa. “Eu meio que não acreditei, porque não fazia nem um ano que eu estava no atletismo de pista, e aí, do nada, veio uma convocação para a seleção brasileira. Foi um susto, mas ao mesmo tempo eu já estava preparado, porque são muitos meses de treino forte, mas deu certo.”

Recentemente, Kevin deixou o 800 metros e migrou para os 400m, distância em que ainda testa limites e tenta encaixar os treinos. “São provas muito diferentes porque um trajeto é muito longe e o outro é muito curto. Os treinos meio que não encaixam, mas a gente faz o possível para adaptar”, afirma.

O objetivo agora é voltar ao pódio nacional, desta vez na nova distância, com a mesma meta de quando surpreendeu ao conquistar o título brasileiro. “Agora meu foco é o Campeonato Interclubes Sub-20 que é daqui algumas semanas, e o brasileiro também, que eu estou tentando uma vaga”, completa.

Kevin Tobias Agüero foi prata nos 400 metros dos Escolares MS – Foto: Roberta Martins

Trocou a dança pelo dardo

A 330 km de Ponta Porã, em Chapadão do Sul, Emilly Vitória Ramos, de 14 anos, mostra que o interior também revela força fora das pistas de corrida. Ela trocou a dança e o basquete, que praticava em Paranaíba, pelo lançamento de dardo. A mudança de cidade abriu portas para o atletismo. Antes de chegar aos Escolares, subiu ao pódio em três competições estaduais e treinou sob chuva para aperfeiçoar a técnica.

Em Campo Grande, Emilly lançou o dardo a 22,77 metros e garantiu a sexta posição na prova. Para ela, cada metro alcançado é parte de um projeto maior. “Não é um esporte muito conhecido, não tem muita gente que pratica. Mas eu fui atrás, competi em corridas de rua, conheci a pista e descobri o dardo”, conta.

Inspirada em Darlan Romani, referência no arremesso de peso, Emilly quer disputar o Brasileiro ainda este ano e seguir entre as melhores do Estado. Na classificação geral, Chapadão do Sul ficou em segundo lugar no feminino, atrás apenas de Campo Grande, enquanto Ponta Porã liderou no masculino, e mostra que municípios fora da capital formam equipes competitivas.

Para Egídio Nascimento, coordenador-geral da Fundesporte, o número recorde de inscritos reflete um trabalho que envolve estrutura, incentivo e integração. “Hoje o atleta não dorme mais em colégio, dorme em hotel, tem alimentação correta e convive com atletas de outros municípios. Isso muda hábitos, disciplina e o jeito de enxergar o esporte”, explica.

Segundo Egídio, manter esse fluxo de novos talentos exige investimento de base. Professores espalhados pelo interior, centros de excelência e programas de bolsas ajudam a transformar histórias como as de Kevin e Emilly em resultados concretos. “Ninguém forma campeão da noite para o dia. É trabalho conjunto com os municípios. Mais difícil que fazer campeão é manter, porque a cobrança aumenta. Mas o esporte segue mudando a vida de muita gente”, destaca.

 

Mellissa Ramos

 

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