Um grupo lançou bomba de gás lacrimogêneo e spray de pimenta em um restaurante palestino, em São Paulo, na madrugada deste domingo (1).
O caso aconteceu no Al Janiah, bar e restaurante onde trabalham refugiados árabes que vivem na capital paulista e que promove a cultura palestina.
Vídeo de câmera de segurança mostra o momento do ataque. A gravação mostra algumas pessoas na porta do restaurante quando três homens se aproximam. Um deles, de boné e camiseta estampada com a bandeira do estado de São Paulo, tira um objeto do bolso de trás da calça, lança-o dentro do restaurante e bate a porta. Apesar do ataque, o restaurante não suspendeu a programação para esta semana.
Horas antes do ataque, a escritora chilena Lina Meruane havia promovido no Al Janiah o lançamento da edição em português de seu livro “Tornar-se Palestina”. Depois, às 23h, aconteceu um show com a banda Graziela Medori e Os Brazucálias, em homenagem à Rita Lee.
O caso causou repercussão entre setores da socieade ligados à esquerda.
Guilherme Boulos, líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), prestou solidariedade à equipe do bar. “Nenhum passo atrás. Apesar deles, o Al Janiah seguirá como um belo espaço de resistência cultural e servindo uma das melhores comidas árabes de São Paulo. Força!”, escreveu.
O deputado federal Alexandre Padilha (PT), ex-ministro da Saúde, ligou o atentado a declarações do presidente Jair Bolsonaro (PSL). “O ódio que Bolsonaro destila em suas falas incentiva ações como essa. Sem propósito, sem motivo, sem explicação.”
Não é a primeira vez que o restaurante é alvo de ataque. Há três anos, em 31 de agosto de 2016, bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas na calçada do estabelecimento.
Em 2017, o dono do local, Hasan Zarif, e outro palestino foram detidos após uma confusão durante uma manifestação do grupo Direita São Paulo na avenida Paulista, contrária à Lei de Migração, vista como permissiva pelo grupo direitista.
Aberto em 2016, o Al Janiah recebeu atenção pela comida, elogiada nos guias gastronômicos da cidade, e pelo ativismo político, a favor do reconhecimento do Estado da Palestina. Em 2017, foi eleito o melhor restaurante de SP na categoria nova cozinha de imigrantes pelo jornal Folha de S.Paulo. (Com informações FOLHA DE SP/Da redação)