O governo federal, de responsabilidade de Jair Bolsonaro (sem partido), emitiu ontem (28) um alerta de emergência hídrica para o período de junho a setembro em Mato Grosso do Sul e mais quatro estados – Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Paraná. Todos estão na Bacia do Rio Paraná, onde se concentra parte da produção agropecuária e grandes hidrelétricas.
Na região, a situação é classificada como “severa” e a previsão é de pouco volume de chuvas para o período. É o primeiro alerta dessa natureza em 111 anos de serviços meteorológicos do país. A medida corrobora as declarações de Bolsonaro e do ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, de que o Brasil enfrenta a maior crise hídrica dos últimos tempos.
O alerta, divulgado em primeira mão pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, foi divulgado de forma conjunta pelo SMN (Sistema Nacional de Meteorologia), órgãos federais ligados à meteorologia, a ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) e o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais). No documento, as instituições reforçam que a emergência hídrica é associada à escassez de precipitação na região hidrográfica e há previsão de que o cenário persista até setembro.
“Estudos realizados pelo SNM de acompanhamento meteorológico para o setor elétrico brasileiro alertam que as perspectivas climáticas para 2021/2022 indicam que a maior parte da região central do país, a partir de maio até fim de setembro, entra em seu período com menor volume de chuvas”, diz o comunicado. “A previsão climática elaborada indica para o período junho-julho-agosto 2021 a mesma tendência, ou seja, pouco volume de chuva na maior parte da bacia do rio Paraná. Essa previsão é consistente com a de outros centros internacionais de previsão climática”, completa o texto.
De acordo com o SNM, o deficit de precipitação na Bacia do Paraná está provavelmente relacionado à influência de dois fenômenos atmosféricos de grande escala. O primeiro é La Niña, de outubro de 2020 a março de 2021. O fenômeno traz resfriamento das águas do Oceano Pacífico, diminui a temperatura da superfície do mar, altera o padrão de circulação global e, entre as características do período, reduziu chuvas no sul do Brasil.