Natural de Vicentina-MS, o vereador José Jacinto Luna Neto, mais conhecido como Zé da Farmácia, sempre prestou boa parte de sua vida dedicada à rotina comunitária e assistência social, por meio da profissão como atendente de farmácia e resgate de gatos de rua. Em entrevista ao Jornal O Estado Online, ele conta como foi sua trajetória e como pretende conduzir seu mandato, em especial na área da saúde pública.
O Estado Online: Sabemos que o senhor tem uma história significativa dentro da comunidade, inclusive resgata gatos de rua. O que te motivou a lutar por essa causa?
Zé da Farmácia: Nem sempre foi assim, tudo começou porque o meu filho sempre quis acolher esses bichinhos. Um certo dia nós pegamos um, depois começamos a levar outros para casa e hoje temos 54. Foi assim o início da causa animal na minha vida. Hoje em dia eu adoro, defendo e tenho uma proximidade singular com cada um, sei o nome de todos que moram na minha casa. Muitas pessoas não gostam de gatos, não entendem o universo deles, mas nós entendemos. Nos adaptamos perfeitamente, mesmo com todo o trabalho que eles dão, e por outro lado é muito compensador. Todos os gatos que eu tiro das ruas são exclusivamente filhotes, não pego gatos velhos ou doentes. As pessoas acham e levam para gente porque sabem que vamos cuidar, e a partir do momento que entra na nossa casa não saem mais, pegamos amor e a dificuldade em doar é saber se eles continuarão sendo tratados da mesma forma. Nossa história nesse cenário já existe há pelo menos 8 anos, desde o início deixamos reservado R$1.500,00 só para a manutenção deles, não contamos com doações de terceiros e nem mesmo de ONGs. Durante o mandato queremos estender esse projeto para as instituições que possam dar o apoio à saúde que esses animais precisam.
O Estado Online:Tendo como uma das principais bandeiras a saúde pública, como o senhor pretende contribuir neste sentido?
Zé da Farmácia: Minha missão é cuidar da vida, isso inclui a vida humana e a vida animal. As Unidades Públicas de Saúde (UPAS) precisam ser melhoradas, a falta de medicamentos, entre tantas outras coisas que vamos tentar melhorar. O atendimento às pessoas é muito defasado, elas chegam ao balcão doentes e nem sempre são bem atendidas, já são tratadas com brutalidade ali mesmo, as vezes distratadas até mesmo por serem leigas.
O Estado Online: O que te levou a colocar seu nome à disposição nas eleições 2020?
Zé da Farmácia: Eu nunca fiz nada com intenção política, sempre procurei ajudar como um cidadão normal. Com o tempo, isso tomou uma dimensão que eu não consegui controlar, foi onde a família e os amigos começaram a influenciar e dizer que eu tinha o perfil de alguém que as pessoas esperam na política, alguém sério, correto e honesto, que gosta de gente. Mesmo sendo vereador hoje, eu vou na fila da lotérica, no açougue, nada mudou. E eu continuo o Zé da farmácia e acredito que é isso que as pessoas esperam, a simplicidade.
O Estado Online: Diante de todo esse cenário que ainda estamos vivendo em razão da pandemia, quais os maiores desafios que o senhor acredita ter de enfrentar?
Zé da Farmácia: Nossa maior dificuldade vai ser o desemprego gerado pela pandemia. Ultimamente eu tenho recebido uma avalanche de pedidos de oportunidades de quem ficou sem trabalho em razão à pandemia. Restabelecer a economia vai ser o problema maior, tendo em vista que inúmeras empresas fecharam as portas. Torcemos que um plano nacional intervenha, além disso, esperamos que a população deixe de escolher e decida, independente do perfil, independente da vaga. Quem está desempregado deve aceitar as oportunidades que aparecem à princípio, e depois buscarem melhores posições no mercado, isso é extremamente necessário.
O Estado Online: O que você aprendeu com a campanha realizada durante a pandemia que levará para o seu mandato e quais as expectativas para os próximos anos?
Zé da Farmácia: Mesmo com o distanciamento social é preciso estar presente, trabalhar dentro dos bairros, isso eu digo em geral, fora do bairro onde moramos. Procurar atender as pessoas, estar junto a elas. Pretendemos fazer o melhor possível em parceria com os colegas de mesa, existe toda máquina legislativa com a secretaria, 29 vereadores e líderes de bairros, e dependemos uns dos outros. Desenvolver nosso trabalho, manter o contato e levar as demandas para dentro da casa serão fatores cruciais, além de colocar no gabinete pessoas capacitadas, que vão fazer mais por Campo Grande. Não adianta colocar pessoas sem instrução técnica só porque votaram em você. Então é com esse ponto de vista que iremos avançar e conduzir o mandato.