Empresários vivem dilema com renovação de alugueis

Lojistas e proprietários da região Central da cidade vivem um novo dilema após o fim das obras do Reviva. As mudanças trouxeram consigo uma maior valorização imobiliária, que resultou numa alta dos valores cobrados nos alugueis da região, o que tem tirado o sono dos lojistas. Além disso, comerciantes afirmam que os ganhos projetados com o fim das obras ainda não foram conquistados em sua totalidade, e para que isso se torne real, será necessário uma maior mobilização para levar os consumidores ao Centro.

Segundo Adelaido Vila, presidente da CDL Campo Grande (Câmara de dirigentes lojistas), em alguns estabelecimentos, os proprietários alegam uma alta de 50% nos valores. Mesmo assim, o sonho de ter sua marca registrada na nova 14 de Julho para muitos ainda é símbolo de conquista rumo ao sucesso. Vila explica que as elevações já eram esperadas por aqueles que precisam renovar os contratos de alugueis, mas acredita que os valores exigidos são muito altos. O aluguel de um espaço comercial pode custar mais de R$ 20 mil na região.

“A gente já esperava que as especulações imobiliárias dominassem após as obras, mais de 90% dos imóveis são locados. Estávamos, inclusive, orientando os lojistas para que aproveitassem o período de obras para renovar seus contratos, mas infelizmente o lojista sofreu durante o processo de obra e talvez agora não consiga se manter por conta do aluguel. Tivemos casos onde o valor até 50%. Em média, o metro quadrado varia de R$ 1 mil até R$ 3 mil. Então, em uma loja de 20 metros quadrados com um aluguel de mil por metro, temos um valor de R$ 20 mil”, contou.

O empresário Bruno Jardim conhece bem os dois lados. Ele possui diversos imóveis na região central, além de alguns negócios e acredita que o grande vilão dos empresários e proprietários do centro é o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). “O Centro ficou muito fragilizado, os lojistas migraram para os bairros e, com isso, o Centro perdeu espaço e enfraqueceu em mais de 90% os empreendimentos. Após a reforma o IPTU ficou desproporcional, eu pago R$ 36 mil”, explicou.

O empresário e proprietário afirmou ainda que o Reviva trouxe para a região uma supervalorização cujo retorno ainda não chegou em sua totalidade para os empresários e reclama que a questão não é levada em conta por donos de imóveis. “A valorização do Centro não existe, quem aluga para alguém na região acha que esse lojista vai ganhar muito dinheiro em pouco tempo, mas isso não é assim. Precisamos de mais atrativos para a família que vem ao Centro e para motivar a que mais pessoas venham até aqui”, acrescentou.

Sobre a reclamação dos valores cobrados no IPTU, o secretário de Finanças da Prefeitura, Pedrossian Neto, relembra que os reajustes do imposto seguiram a inflação do período e estão completamente dentro da legalidade. “Não houve nenhuma reavaliação do valor venal dos imóveis da 14 de julho por conta das obras do Reviva. É lógico que houve um aumento patrimonial dos imóveis, mas a Prefeitura não modificou nada disso no cadastro, de forma que o IPTU deste ano não é diferente do aplicado no ano passado, salvo pelo reajuste de cerca de 3% seguindo a correção da inflação”. Ele completa reafirmando que o valor pedido de aluguel pelos proprietários nada tem a ver com o IPTU.

Contrate um corretor

Para o presidente do Sindimóveis (Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado), João Araújo, o fenômeno já era esperado. Ele afirma que a contratação de um bom corretor pode evitar dores de cabeça após a assinatura do contrato. “É uma questão muito particular, o proprietário pode cobrar o valor que quiser pelo seu imóvel. Temos imóveis que chegam a custar até R$ 30 mil por mês”, diz ele.

Araújo frisa que sempre orienta tanto locatários, quanto locadores a sempre negociarem até encontrar um ponto bom para ambos os lados. “É preciso negociar. Por exemplo, vale muito deixar o reajuste para o próximo ano se o contrato tem vigência de 10 anos. Então, é preciso conversar e tomar cuidado porque uma palavra pode fazer o contrato ficar menos vantajoso”, ressalta.

Na contramão

Na contramão da maioria dos empresários, o casal empreendedor Aliny Mari Dias e Helder Rafael decidiu sair do bairro e apostar em um novo endereço na 14 de Julho. No caso deles, uma boa análise e pesquisa de mercado resultou num aluguel um pouco maior que o pagavam no antigo endereço, na avenida Manoel da Costa Lima, na Vila Piratininga. Entretanto, Aliny diz que a realidade de quem já estava no centro é diferente.

“O fluxo aqui é bem maior, mas o que eu percebi é que quem esteve na 14 de julho durante a reforma está saturado. Agora que os empresários estão se reerguendo e acabam enfrentando o desafio dos donos de imóveis pedindo valores absurdos. Tem muita gente falando que vai migrar para os bairros, outros vão ficar ainda no centro, mas em outros locais. Muitos estão tentando negociar com os proprietários, principalmente quem já tem muito tempo aqui”, frisou.

(Texto: Michelly Perez)

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