Secretário de Estado garante preocupação do governador com ‘projeto estratégico’ na BR-376
Mato Grosso do Sul projeta uma década de amplo desenvolvimento nos próximos anos, que, segundo o governador Reinaldo Azambuja, passa muito pelos efeitos que o Estado terá com a rota bioceânica, projeto que estrutura uma nova realidade em Porto Murtinho. Entretanto, essa não é apenas a única das rotas de integração, que essa região do país vislumbra para escoamento mais otimizado de produção e, sobretudo, aproximação econômica com vizinhos. Em conversas bem avançadas com o Paraná, qualificações da BR-376 e a instalação de uma nova ponte estão em pauta.
“Trata-se de uma demanda antiga, já sinalizada no PNV (Plano Nacional de Viação, criado na Lei 5.917/73), e que, pode sim, trazer grande avanço para uma área do nosso estado, que vem até melhorando de uns anos para cá, por conta da atividade sucroalcooleira, do aumento da produção de grãos e de vocações já demonstradas, como a pecuária forte e a indústria frigorífica. No entanto, é possível muito mais, em termos de desenvolvimento, viabilizando-se essas obras na BR-376, que, além de integrar mais o Paraná ao Mato Grosso do Sul, oferece um atalho de 80 quilômetros”, fala o Secretário de Estado da pasta de Administração e Desburocratização, Roberto Hashioka, profundo conhecedor desse projeto e ex-prefeito de Nova Andradina, uma das cidades do Vale do Ivinhema.
O titular da SAD-MS, na última reunião de 2019 a respeito do tema, fez questão de destacar o empenho do governador em pautas dessa natureza, algo inclusive peculiar na história de Mato Grosso do Sul.
“É evidente que o Estado, nessa gestão, que caminha agora no segundo mandato do Reinaldo, tem uma atenção especial para a logística e infraestrutura. Como nunca, estamos priorizando a competitividade da nossa região, seja pelo equilíbrio fiscal, a execução de serviços públicos de boa qualidade ao cidadão ou a distribuição equânime de progresso. Não trata-se de uma obra barata, levando em consideração as intervenções dos dois lados, mas é absolutamente estratégica”, ressalta Hashioka, que além de gestor público também é engenheiro civil.
De acordo com ele, o “upgrade” de Mato Grosso do Sul com a Rota Bioceânica para escoamento da produção brasileira no Chile, nos portos de Iquique e Antofagasta, influenciou diretamente na celeridade paranaense para que esse projeto de quatro décadas saia do papel.
O Secretário, além da experiência na Prefeitura de Nova Andradina, chegou a comandar a Agepan (Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos) e é servidor de carreira da Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos).
Empresários dos dois lados fazem reivindicação por duplicação
Paranaense, radicado em Mato Grosso do Sul desde a década de 70, do século passado, Jaime Vallér é um dos grandes entusiastas com o momento de transformação do estado que escolheu para viver e investir no setor industrial. Na visão dele, uma gestão pública responsável e planejamento tem feito esse pedaço do Brasil prosperar mais que outros, dando um exemplo de como a política regional deve fazer para ajudar o setor produtivo.
“O nosso PIB daqui foi, neste ano, maior que o do Brasil, e não ocorreu isso por acaso. Tem ajustes que foram feitos em Mato Grosso do Sul nos últimos anos que contribuíram decisivamente para esse resultado. Um caminho que está em curso e tem muito a se trilhar. Olha o que vai ser Porto Murtinho depois da ponte e de um maior fluxo de embarcações. O mundo está olhando para cá, a China, os Estados Unidos, um olhar diferente, por consequência desse momento especial da nossa história. E os nossos estados vizinhos também”, cita.
Para Vallér, a estruturação maior do estado e integração mais efetiva com o Paraná, São Paulo, Mato Grosso e Goiás, além dos países da América Latina que são fronteiriços, deve pressionar a modernização da planta econômica sul-mato-grossense nos próximos anos.
“O que vai ser a segunda década desse século para Mato Grosso do Sul? Com certeza uma década de ouro, nos investimentos, na melhoria da qualidade de vida dos que moram aqui, e na capacidade desse estado se posicionar com destaque nacional. O estrangeiro não aplica recursos em outra terra se não há segurança jurídica e perspectiva de desenvolvimento. Olha quantas indústrias nós temos? Precisamos expandir esse setor nessa região, algo que só acontece com qualificação de mão-de-obra, infraestrutura adequada e integração. A conjuntura política do Brasil favorece!”, diz o empresário que concilia as atividades de indústria, da pecuária e também do grupo de comunicação O Estado de Mato Grosso do Sul. Um nome que escolheu para o jornal que dirige, por conta do amor ao local que escolheu para migrar há 40 anos, quando já ouvia a promessa de viabilização do quarto trecho de conexão do Paraná, com o ‘Mato Grosso Uno’.
Custo é de quase R$ 1 bilhão, conforme levantamento técnico
Interesse imediato do setor produtivo e da sociedade civil organizada, de cidades do norte do Paraná, e de 12 municípios do lado sul-matogrossense a duplicação da BR-376 tem um custo estimado de pelo menos R$ 850 milhões. O valor foi indicado por um estudo elaborado pela Universidade Estadual do Paraná (Unespar).
“Acredito que esse pode se tornar o eixo rodoviário mais importante do agronegócio brasileiro, visto o potencial que vem se apresentando nesses dois estados. Nesse ponto, que é dos mais estreitos do Rio Paraná, que de um lado chama Porto São João, e do outro, Porto São José, a construção de uma ponte seria menos onerosa, e ainda cortaria caminho. Por agora, quem sai de Dourados precisa dar uma volta maior para escoar em Paranaguá. Sem contar a promoção ao turismo nessa região que também é muito bonita. Com certeza um investimento com retorno”, pondera o produtor rural, dirigente do Sindicato Rural de Paranavaí, Demerval Silvestre.
Silvestre também é membro da entidade que representa a Sociedade Civil do município paranaense localizado a 200 quilômetros da fronteira entre os dois estados, o que o colocou nos últimos anos como interlocutor especial do projeto. Assim como ele, o atual prefeito de Santa Cruz de Monte Castelo-PR e presidente do Consórcio Intermunicipal da Área de Proteção Ambiental Federal do Noroeste do Paraná (Comafen), Francisco Antônio Boni, salienta a força do municipalismo nessa pauta e declara que “a obra certamente mudará a realidade das duas regiões produtoras”.
Noroeste paranaense pressiona medida há quatro décadas, em luta municipalista
O projeto também é bandeira da Associação dos Municípios do Noroeste Paranaense (Amunpar), outra entidade forte do estado vizinho, que representa o interesse por desenvolvimento de 28 cidades. Uma iniciativa de excelência para a gestão pública que também foi criada em 1973, ano que o Brasil validou em legislação do Plano Nacional de Viação, fundamentado com o objetivo de se estabelecer no país uma malha viária estratégica que permita a segurança e unidade do território nacional e à integração regional e internacional.
“O que favorece muito à realização desse sonho nos próximos anos é justamente o diálogo existente entre o Paraná e Mato Grosso do Sul. Favorece também, o fato de existir no governo vizinho uma agenda progressista, tratada de uma forma responsável, e que olha para o futuro com pressa. Além do Hashioka, sabemos que esse projeto da BR-376 ter ligação com a região de Dourados conta com a atenção do vice-governador, Murilo Zauith, ocupante da pasta de infraestrutura, e do próprio governador, Reinaldo Azambuja, muito sensível à competitividade local”, avalia o vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), Ivo Pierin Júnior, também conhecido como o ‘Rei do Pão de Queijo’.
Vem da indústria de Pierin, a Podium Alimentos, a fatia de 25% da fécula de todo o pão de queijo produzido no Brasil.
Excelente projeto de integração e desenvolvimento, não só para o Paraná e Mato Grosso do Sul, como para o Brasil, pois sera a única rodovia que irá ligar o setor produtivo do Matogrosso do Sul ao setor de exportação paranaense, por pista dupla, transformando a BR 376, na rodovia do agronegócio brasileiro