O Vaticano tornou público na tarde desta segunda-feira (2) os arquivos secretos referentes ao pontificado de Pio XII (1939-1958). A medida de divulgar os arquivos nesta data foi anunciada há um ano pelo atual líder da Igreja Católica, o papa Francisco.
Conforme informações da Istoé, Pio XII é acusado de ter se omitido durante a epóca do Holocausto e especificamente por não ter condenado publicamente as perseguições e mortes contra os judeus na Segunda Guerra Mundial.
Em resposta, o Vaticano alega que Pio XII promoveu uma diplomacia de bastidores para salvar o maior número possível de pessoas, inclusive abrigando judeus em igrejas e conventos na Itália.
“A figura do Papa emerge em toda a sua grandeza, como defensor da humanidade e autêntico pastor universal. Pacelli foi um diplomata corajoso. Como Papa, mostrou uma caridade ilimitada, nem sempre compreendida e compartilhada até mesmo dentro dos muros do Vaticano”, disse o secretário para as Relações com Estados da Santa Sé, monsenhor Paul Gallagher, ao site Vatican News.
Segundo Gallagher, os arquivos evidenciarão os “esforços” de Pio XII para “salvar pessoas perseguidas e necessitados em perigo”.
“Emergirá, seguramente, também o ódio do nazismo contra a Igreja Católica e o próprio Papa”, garantiu.
Pedidos de ajuda
Entre os primeiros documentos já disponibilizados em formato eletrônico está um fascículo que reúne os nomes de 4 mil judeus e seus pedidos de ajuda ao Vaticano.
Um deles revela que o arcebispo italiano Alfredo Ottaviani (1890-1979), que na época trabalhava na Secretaria de Estado, forneceu documentos falsos a judeus e os abrigou em edifícios da Santa Sé fora do Vaticano.
Segundo Johan Ickx, diretor do arquivo histórico, a lista inclui Tullio Liebman, professor de fama mundial que foi ajudado por colaboradores próximos de Pio XII a fugir para a América do Sul.
(Texto: Jéssica Vitória com informações da Ansa)