Diretora do HRMS nomeada em ministério é anticloroquina e quer focar o olhar na vacinação

reprodução Portal MS
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Ex-vereador assumirá o hospital com a saída de Rosana Leite 

Texto do Jornal O Estado MS: Andrea Cruz

A médica e ex-diretora-presidente do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Ro-sana Leite de Melo foi nomeada como titular da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à COVID-19, do Ministério da Saúde, em Brasília. 

Rosana afirmou durante entrevista ao jornal O Estado que a nomeação foi técnica, que não é bolsonarista e que não recomenda o uso de cloroquina como tratamento precoce, mas que respeita a decisão individual de cada médico. O ex-vereador de Campo Grande Lívio Leite Viana, o Dr. Lívio (PSDB), assumirá a direção do Hospital Regional.

A médica Rosana Leite de Melo se despede do Hospital Regional Rosa Pedrossian, em Mato Grosso do Sul, para ser a nova titular da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à COVID-19, do Ministério da Saúde, que tem sede em Brasília. Ela assume o posto em meio aos questionamentos quanto a declarações que já fez sobre apoiar decisões do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro e do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta; ambos compuseram o governo de Jair Bolsonaro (sem partido), mas posteriormente se tornaram adversários políticos.

“bochichos”

Os “bochichos” afloram cada vez mais porque Rosana Leite veio para substituir a médica infectologista Luana Araújo, que foi barrada por ter declarado ser contra tratamento precoce, especialmente com cloroquina, que é uma defesa do presidente Bolsonaro e de grande parte de seus seguidores. Questionada sobre se é a favor do uso da cloroquina, a médica declarou que segue a ciência, recomendações sanitárias e a OMS (Organização Mundial da Saúde).

“Logo ao início da pandemia quando havia estudos sobre a eficácia dessa medicação ela foi testada, isso em 2020. No Hospital Regional, nós fizemos um questionário com os médicos sobre o tema e a maioria foi contra. Porém, sempre respeitamos a autonomia do médico que prescrevesse.” 

Embora diga que não é bolsonarista e que sua escolha foi por conhecimento técnico, Rosana Leite já demonstra que não vai bater de frente com os pedidos do presidente ou do ministro da Saúde, mas não descarta trazer novas ideias: “Estamos nos inteirando ainda. Essa foi uma Secretaria criada justamente para o controle da pandemia no Brasil e envolve dar continuidade às políticas existentes e, até mesmo, criar novas formas.

fases diferentes

Temos políticas boas e a gente vai rever estratégias e focar neste momento que é importante. O país está em fases diferentes na pandemia em alguns estados, vamos ter um olhar para focar na vacinação e testagem em massa trabalhando na prevenção e atenção básica. Também iremos trabalhar no tratamento hospitalar que é a fase onde o paciente procura cuidados e tudo isso para diminuir os índices de letalidade”, disse a médica, que também pretende lançar programas de tratamento pós-COVID-19. 

A reportagem questionou se sua indicação foi por questão política ou por questões técnicas. “Eu trabalhava no Ministério da Educação, onde fiquei nos anos de 2017 e 2018 como secretária-executiva da Comissão Nacional de Residência Médica no Ministério da Educação. A gente fez um trabalho de residência onde eu conheci o ministro Queiroga. Além disso, tem a questão do meu trabalho no Hospital Regional e o convite foi por questão técnica”, disse, ao negar ser bolsonarista. 

Em 24 de abril de 2020, por exemplo, Rosana postou a seguinte mensagem: “Sérgio Moro é realmente um gigante!!!. Queria mais Moros neste país”. A data da postagem é a mesma em que Moro anunciou sua saída do Ministério da Justiça por discordar da decisão de Bolsonaro de trocar o diretor-geral da Polícia Federal, seu indicado para o posto, Maurício Valeixo.

Segunda vez

Esta é a segunda vez que Rosana Leite ocupa cargo no governo do presidente Bolsonaro. A primeira foi como coordenadora-geral em Residências em Saúde, do Ministério da Educação, cargo que iniciou em 2017, no governo de Michel Temer (MDB) e foi até agosto de 2019, quando Bolsonaro já era presidente. Embora tenha ficado anteriormente por oito meses no governo de Bolsonaro, ela saiu justamente por conflitos políticos com o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub. 

Rosana Leite assumiu o Hospital Regional em 6 de novembro de 2019, ou seja, três meses após deixar o governo federal. Ela substituiu o então diretor-presidente Márcio Eduardo Pereira de Souza, médico gastroenterologista conceituado em Campo Grande. A missão dele era também a de averiguar e acabar com denúncias de corrupção que colocavam o HR em crise. Nove meses depois ele deixou o posto e aderiu ao PDV (Programa de Demissão Voluntária), encerrando a carreira de 17 anos no serviço público estadual.

A nova secretária extraordinária de Enfrentamento à COVID-19 é médica-cirurgiã de cabeça e pescoço e servidora pública federal desde 2003. No mesmo ano, começou a trabalhar no Hospital Regional de MS e, em 2014, começou a atuar como professora do Curso de Medicina da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). 

Lívio 

O ex-vereador de Campo Grande Lívio Leite Viana, o Dr Lívio (PSDB), vai assumir a di- reção do Hospital Regional. Ele tentou reeleição em 2020, mas acabou não conseguindo votos suficientes para se manter na Câmara Municipal de Campo Grande, e ficou com a segunda suplência do seu partido. 

Oftalmologista, Lívio Leite  já chegou a assumir funções no governo do Estado, como secre- tário adjunto na Secretaria de Estado de Saúde. 

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